Pedro Nogueira é a estrela do momento no meio de tachos e panelas
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Mesmo com um filho recém-nascido, Pedro Nogueira sempre sentiu que o futuro é entre tachos e panelas. A cozinha é onde se sente livre. É uma paixão que lhe foi incutida pela mãe. Tem-se destacado no programa televisivo Masterchef e vive em Vialonga, vila para onde se mudou depois de casar e onde elege a boa qualidade de vida.
Se a generalidade das escolas permitisse aos alunos ter aulas de cozinha e culinária, certamente que isso ajudaria os jovens e adolescentes a alimentarem-se melhor no futuro e a não serem tão dependentes de outras pessoas a cozinhar. A ideia é lançada a O MIRANTE por Pedro Nogueira, residente em Vialonga e um dos actuais concorrentes do programa televisivo Masterchef.
“Poderíamos ter aulas de gastronomia nas escolas para ensinar aos miúdos as bases para conseguirem cozinhar e alimentar-se melhor. Há tantas disciplinas importantes e ensinar os miúdos a comer melhor seria uma matéria muito interessante”, defende. Para Pedro Nogueira, cozinhar é mais do que uma necessidade, é uma paixão e um elo que une famílias e cria memórias. É o seu espaço de liberdade. “A cozinha é onde brincamos, discutimos, dançamos e somos felizes. É um mundo à parte”, confessa.
Desde pequeno que Pedro Nogueira viu na cozinha um lugar especial. E sem pensar duas vezes, desistiu de uma carreira segura numa empresa nacional de telecomunicações, onde esteve quase uma década, para se dedicar em exclusivo a perseguir o sonho de ser cozinheiro profissional.
E fê-lo com um filho pequeno, tendo valido o apoio da família, por acreditar que nunca seria feliz atrás de uma secretária. Natural de Lisboa, vive em Vialonga há quatro anos depois de conhecer a esposa. “É uma zona sossegada se comparada com Lisboa. Gosto de acordar ao fim-de-semana sem sentir o barulho da cidade. Conseguimos estar perto de Lisboa mas é como se estivéssemos no campo. É um meio pequenino onde as pessoas são muito carinhosas”, destaca a O MIRANTE.
Pedro Nogueira estudou em Lisboa e tirou um curso de desporto e um curso de gestão de produção de cozinha numa escola de hotelaria. O seu primeiro trabalho foi aos 17 anos a fazer etiquetagem em medicamentos, já que a mãe trabalhava numa farmacêutica. Entrou numa empresa de comunicações onde esteve quase uma década na área de contacto com o cliente e área empresarial VIP e eventos.
Cresceu num ambiente onde a comida era um ponto de encontro familiar e um palco onde todos queriam participar. A mãe incentivou-o e, ao longo dos anos, aperfeiçoou-se, cozinhando para a família e amigos. “Lá em casa a luta é para ver quem fica na cozinha e não no sofá”, brinca.
Tem-se dedicado a eventos privados, casamentos e jantares especiais, onde pode expressar a sua criatividade culinária e aposta também no conceito de chefe ao domicílio. O seu sonho é vir a ter uma “food truck”, uma carrinha de comida de rua, onde possa oferecer comida de autor onde lhe apetecer. Mas não descarta a ideia de se juntar a um chefe conhecido ou a apresentar programas culinários na televisão, depois da sua participação no Masterchef. Já tinha tentado uma vez, sem sucesso, mas os amigos e a família incentivaram-no a voltar a tentar, mesmo já tendo passado pela pressão das câmaras de televisão. “Desta vez a coisa correu bem. Não desisti e desfrutei do momento”, diz.
Para Pedro Nogueira, a competição exige muito mais do que saber cozinhar: é preciso ter imaginação e capacidade de criar algo surpreendente em poucos minutos para o júri. O cozido à portuguesa é o seu prato favorito mas elege também os pratos de conforto, de tacho, como a feijoada, o cabrito no forno ou o coelho à caçador. Respeita a prática de usar produtos congelados prontos a usar mas não os usa, por considerar que o sabor não é igual a um produto fresco.
Comida já não tem o sabor de antigamente
“Temos o privilégio de estar numa zona privilegiada do país no que toca à comida e aos alimentos, que é o Ribatejo. Senti uma grande diferença quando vim viver para Vialonga. Já provei alguns pratos típicos da região, como o sável frito com açorda de ovas e as enguias”, diz Pedro Nogueira, para quem a gastronomia portuguesa é a melhor do mundo. “Existe muita gente que não cozinha porque não gosta nem nunca foi habituada. Mas para se cozinhar basta tentar e praticar até nos tornarmos melhores. E ver muitos programas na TV”, recomenda.
Para o cozinheiro, a comida de hoje já não tem o sabor de antigamente, não por culpa de quem cozinha mas sim dos ingredientes disponíveis. “Os produtos são tratados de forma diferente, as carnes e os vegetais são mais manipulados e isso mexe com a cozinha”, lamenta.
E se tiver de escolher entre um restaurante Michelin ou uma tasca à beira da estrada, aí o cozinheiro é peremptório: a tasca. “Muitas vezes come-se melhor numa tasca à beira da estrada. Mas não dá para comparar. Um restaurante com estrelas Michelin é toda uma experiência para o cliente e há quem o faça muito bem”, defende.
Segundo Pedro Nogueira, não falta emprego na restauração, onde é preciso energia e vontade para lidar com os horários desafiantes. Em sua casa, confessa, também usa um robô de cozinha. “Mas apenas para fazer as sopas do meu filho. Mas não é nenhum tabu, em restaurantes Michelin as cozinhas têm 4 ou 5 robôs desses para fazer puré, por exemplo”, conta. Com o olhar focado no futuro, Pedro Nogueira quer continuar a crescer na gastronomia. E, quem sabe, inspirar o filho a seguir-lhe as pegadas.