Voto de louvor a dois oficiais da PSP gerou discórdia na reunião de câmara de Tomar
Proposta do PSD mereceu críticas por parte do presidente da Câmara de Tomar. Hugo Cristóvão disse que a proposta tem em si tudo o que não devia acontecer, a começar nas questões da ética. O autarca deixou ainda claro que não se deixa “nem amedrontar, nem influenciar, nem chantagear por coisa nenhuma, seja vindo de quem for”.
Uma proposta de voto de louvor a dois oficiais da Polícia de Segurança Pública (PSP) deu que falar na última reunião de câmara de Tomar. A proposta do PSD consistia num voto de louvor a atribuir ao subintendente Bruno Soares e ao subintendente Daniel Marques, que ao longo dos últimos três anos lideraram a Divisão Policial de Tomar. O presidente da câmara, Hugo Cristóvão (PS), apontou críticas à proposta, referindo que tem em si tudo o que não devia acontecer, a começar nas questões da ética. O autarca falou ainda em chantagens de que terá sido alvo desde a apresentação da proposta até ao dia da votação. O vereador do PSD, Tiago Carrão, disse não saber do que é que o presidente da câmara estava a falar. A proposta foi chumbada, com quatro votos contra do PS e três a favor do PSD.
Hugo Cristóvão começou por afirmar que um dos oficiais proposto para receber o voto de louvor é amigo do vereador do PSD, Tiago Carrão. “Devia haver algum cuidado com essa matéria”, alertou. Sobre a proposta, o presidente da câmara explicou que para que a proposta fosse considerada teria que se ter em conta que dentro da instituição da PSP havia outros oficiais que mereciam tanto ou mais que aqueles que estavam a ser propostos - “até porque estes dois oficiais não comandavam a esquadra de Tomar, comandavam a delegação territorial”, referiu.
O presidente do município alertou ainda que seria necessário considerar outras instituições do concelho, como a GNR, o Regimento de Infantaria 15, o presídio militar, o tribunal, o hospital e até os funcionários do município. “Mesmo que tudo isto fosse considerado, como estamos a falar de propostas para duas pessoas que ocuparam funções em toda uma área territorial, para ser justo todos os municípios abrangidos teriam que o fazer”, explicou Hugo Cristóvão. O autarca disse que teve oportunidade de falar com outros presidentes de câmara e pessoas ligadas à PSP que concordaram que a proposta não fazia sentido. Por fim, referiu, sem se alongar, que o assunto acabou por ter outros contornos entre a apresentação da proposta e o dia da votação. “Apenas vou dizer que este presidente de câmara não se deixa amedrontar, influenciar nem chantagear por coisa nenhuma, seja vinda de quem for”, frisou.
Na resposta, Tiago Carrão esclareceu que a proposta era dos vereadores do PSD e não apenas sua. O autarca social-democrata explicou ainda que a proposta não apontava apenas para os dois oficiais mencionados. “É uma proposta para abrir um precedente, porque entendemos que este reconhecimento, neste momento, fazia sentido”, disse. O vereador mencionou ainda que não é preciso ir longe para encontrar municípios e outras autarquias onde isso já foi feito. “O senhor presidente falou em chantagens, isso sinceramente não sei do que está a falar”, concluiu Tiago Carrão.