José Paulo do Carmo, filho de ex-vereador da Câmara de Ourém envolvido no processo “tutti frutti”
Filho do antigo vereador da Câmara de Ourém, com o pelouro de Fátima, também navegou na política, mas, segundo o Ministério Público, para fazer parte do esquema do seu amigo Sérgio Azevedo, dirigente do PSD. A empresa de José Paulo do Carmo foi usada para fazer circular dinheiro para favorecimento de militantes partidários através de contratos públicos.
Depois de O MIRANTE ter noticiado que um dos arguidos do processo “tutti frutti”, Nuno Firmo, tem a empresa instalada em Abrantes, há um outro elemento do processo ligado à região, que é José Paulo do Carmo, filho do ex-vereador da Câmara de Ourém, Nazareno do Carmo, no mandato de Paulo Fonseca. A acusação do Ministério Público diz que a empresa de José Paulo do Carmo esteve envolvida no alegado esquema de favorecimentos a militantes do PS e do PSD através de avenças e contratos públicos.
Segundo a investigação, a Junta de Santo António, em Lisboa, usada no esquema, contratou à empresa do filho do ex-autarca de Ourém, que tinha o pelouro de Fátima, serviços de acompanhamento, comunicação e apoio ao pelouro da educação, bem como à ACG, que apoiava o pelouro da acção social, gerida por Sérgio Nóbrega, que é seu amigo. A acusação refere ainda que José Paulo do Carmo é amigo de Nuno Firmo, que instalou a Valley Innovation, Lda, também envolvida no caso, em Abrantes, num parque de capitais públicos, que é o Tagusvalley. E ambos são amigos de Sérgio Azevedo, ex-deputado e dirigente da estrutura de topo do PSD, que é um dos principais arguidos.
Refere a acusação que Sérgio Nóbrega e José Paulo do Carmo entregaram a Sérgio Azevedo pelo menos 17 mil euros, por conta da adjudicação dos serviços da Junta de Freguesia de Santo António. Refere o processo que a ACG e a Magalhães do Carmo & Correia Estrela, “contabilizaram as facturas-recibo emitidas por Sérgio Azevedo, bem sabendo que não correspondiam a serviços prestados, antes serviram para justificar os pagamentos que ordenaram, escondendo a sua verdadeira natureza, como bem sabiam”.
Segundo o processo, o filho do ex-vereador de Ourém, efectuou pagamentos a partir da sua empresa “a coberto de recibos verdes emitidos por Sérgio Azevedo sem correspondência a nenhum acto praticado”. E acrescenta a acusação que tal servia para pagar vantagens destinadas a Sérgio Azevedo, “por conta da sua intervenção em esquemas corruptivos que beneficiaram a sociedade, como forma de dar uma aparência lícita às transferências subjacentes, permitindo a circulação de tais verbas pelo património da sociedade, como se se tratassem de operações legítimas, e justificando-as contabilisticamente”.
José Paulo do Carmo fez a comunicação de várias marcas e empresas, e sócio de uma incubadora cultural e criativa com sede na Madeira, a Atlanticulture, que foi fundada pelo seu amigo Sérgio Nóbrega e para a qual entrou um ano depois com uma quota de 250 euros. A empresa foi dissolvida e liquidada em 2024. A Magalhães do Carmo & Correia Estrela foi criada em 2017, na sequência de uma outra empresa, a Magalhães do Carmo, Unipessoal Lda, cujo único sócio era José Paulo do Carmo.