Mais de três dezenas já participaram na consulta pública da alta velocidade entre Soure e Carregado
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Até dia 21 de Março a comunidade pode pronunciar-se sobre o estudo de impacte ambiental da segunda fase do troço de alta velocidade entre Porto e Lisboa, no caso, o que vai ligar Soure ao Carregado. Documento revela mudanças ligeiras nos concelhos de Rio Maior, Azambuja e Alenquer.
O estudo de impacte ambiental do troço da alta velocidade ferroviária entre Soure e o Carregado, concelho de Alenquer, com 115 quilómetros, está em discussão pública até 21 de Março. À data de fecho desta edição de O MIRANTE mais de trinta pessoas e entidades participaram com contributos.
A linha ferroviária de alta velocidade entre Porto e Lisboa, recorde-se, contempla na sua segunda fase a ligação de Soure ao Carregado, com prazo de conclusão até 2032. O concurso para a parceria público-privada que vai fazer o projecto, construção e manutenção deste troço será lançado no início do próximo ano, com a fase de projecto e construção a começar em meados de 2027. Esta fase do projecto tem impactos em Arrouquelas e Asseiceira (Rio Maior), Alcoentre, Aveiras de Cima, Vila Nova da Rainha e União das Freguesias de Manique do Intendente, Vila Nova de São Pedro e Maçussa (Azambuja) e Ota e Carregado (Alenquer).
O estudo de impacte ambiental, a que O MIRANTE teve acesso, prevê impactos na modelação de terrenos e impactos nas condições naturais de infiltração e recarga de aquíferos. Não descarta também a possibilidade do surgimento de novas unidades de exploração geológica, as chamadas pedreiras.
No que diz respeito ao ruído, o estudo defende que dependerá do aumento dos volumes de tráfego, sobretudo na rodovia de acesso à linha. “Considera-se que, podendo vir a existir um ligeiro acréscimo dos níveis sonoros, em decorrência do normal aumento dos volumes de tráfego rodoviário, este será pouco expressivo”, lê-se no documento.
Já no que toca aos impactos sobre a ecologia e a biodiversidade há notas específicas para o concelho de Rio Maior. “É uma região dinâmica em que a expansão urbano-industrial tem ocorrido de forma progressiva, porém, continuamente. É assim expectável que a área ceda a esta expansão urbano industrial, e à consequente perda de coberto vegetal natural, seminatural e artificial”, alerta o estudo.
Ainda segundo o documento deverão manter-se as dinâmicas sócio-económicas da região, em particular do Carregado e Rio Maior, sendo que a zona norte de Azambuja servirá sobretudo actividades florestais e agropecuárias. As freguesias que deverão continuar a crescer, segundo o estudo, serão as freguesias com maior concentração urbana, diversidade e actividades económicas, como é o caso da União de Freguesias de Carregado e Cadafais, em Alenquer, e de Vila Nova da Rainha, na Azambuja. Não se perspectiva nesta versão do estudo alterações na saúde humana decorrentes do projecto.
Troço entre Lisboa e Carregado sem data
O polémico traçado entre Lisboa e o Carregado, a terceira fase do projecto de modernização da linha de alta velocidade, ainda não tem data definida. Esta será a zona mais sensível dos trabalhos, sobretudo ao atravessar a malha urbana do concelho de Vila Franca de Xira, como O MIRANTE deu nota, onde terá implicações directas na comunidade, como a desactivação das actuais estações de comboio de Alhandra e Vila Franca de Xira e o sacrifício de vários metros do Jardim Constantino Palha, entre outros impactos. Para já sabe-se que na segunda fase, entre Soure e Carregado, que os comboios de alta velocidade regressarão no Carregado à Linha do Norte até à Gare do Oriente, usando as linhas actuais. A localização do novo aeroporto de Lisboa no Campo de Tiro de Benavente abre a hipótese da linha de alta velocidade continuar para esse local, mas ainda se desconhecem projectos ou intenções nesse sentido.