Autarcas voltam a queixar-se do Hospital Vila Franca de Xira
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Executivo da Câmara de Vila Franca de Xira pediu reunião à ministra da Saúde no último Verão para se queixar do estado da saúde no concelho, em particular da forma como tem funcionado o hospital administrado por Carlos Andrade Costa, mas continua sem resposta.
O acesso da comunidade de Vila Franca de Xira a cuidados de saúde de qualidade continua comprometido e é inaceitável que a Ministra da Saúde ainda não tenha respondido ao executivo camarário sobre o pedido de reunião que lhe foi feito em Junho do ano passado. A consideração foi deixada na última reunião de câmara pelo vereador da CDU, Nuno Libório, que voltou a insistir na urgência da realização da reunião. “É urgente que a Ministra da Saúde se digne a receber a câmara. E a câmara deve tomar uma atitude mais firme nesta matéria, porque o acesso aos cuidados de saúde continua comprometido no nosso concelho”, criticou o autarca.
Para Nuno Libório, há uma “evidente e crónica” falta de meios humanos no hospital, situação que faz com que alguns profissionais, como os enfermeiros, cheguem a acumular mais de 50 horas extraordinárias por mês, revelou. “O encerramento de serviços compromete o socorro às nossas populações. O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses deu nota pública da degradação das condições de trabalho no hospital. Os enfermeiros e outros profissionais estão no limite da sua capacidade física e mental. Há um esgotamento das suas capacidades devido ao elevado ritmo de trabalho”, criticou Nuno Libório.
O vereador da CDU recordou o caso de uma mulher de Benavente que, em Janeiro, deu à luz na mesma ambulância e na mesma estrada onde cinco meses antes nasceu a neta. Tudo porque a maternidade do Hospital Vila Franca de Xira estaria fechada e não havia outra disponível para receber a grávida, que foi encaminhada para Abrantes. A criança acabaria por nascer na Ponte das Lezírias. “São situações terríveis que estamos a viver também no nosso concelho. Continuam a haver três centros de saúde no concelho que continuam sem ter os médicos necessários”, critica Nuno Libório.
Perante as queixas, o presidente do município, Fernando Paulo Ferreira (PS), condenou a situação, dizendo não compreender nem aceitar que num momento em que cada vez mais gente escolhe a periferia de Lisboa para viver, seja precisamente nestes territórios que se encerram urgências obstétricas de forma rotativa. “Ao fecharem as urgências pediátricas de forma rotativa estão a criar condições para a seguir fecharem as maternidades e estamos contra isso”, avisou. O autarca já tinha explicado que a reunião com a Ministra da Saúde está a demorar por falta de disponibilidade de agenda da mesma, que faz questão de ouvir os autarcas na primeira pessoa. “Penso que ela querer estar presente é um bom sinal e por isso estamos a aguardar”, informou.
Ministra abre a porta às PPP
Na última semana, numa audição no Parlamento, a Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, admitiu o regresso do modelo de parceria público-privada (PPP) em algumas unidades de saúde, tendo dado como exemplo o Hospital Amadora-Sintra que, disse, “nunca mais se endireitou” desde o fim da PPP. O Hospital Vila Franca de Xira, recorde-se, também funcionou em modelo de parceria público-privada, tendo depois revertido para a situação actual, integrado no Serviço Nacional de Saúde.