Paulo Mata assume liderança da Associação de Apoio à Criança da Póvoa de Santa Iria
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Paulo Mata, novo presidente da Associação Popular de Apoio à Criança, sucede a José Casaleiro e tem o seu voto de confiança.
Já fez parte dos órgãos sociais e regressa à instituição oito anos depois, com o objectivo de gerir bem uma casa que emprega 138 pessoas e acolhe 520 crianças. A contenção de despesas e a melhoria na cobrança de dívidas estão entre as prioridades.
Paulo Mata é o novo presidente da Associação Popular de Apoio à Criança (APAC) da Póvoa de Santa Iria, sucedendo a José Casaleiro, que transita, aos 74 anos, para a presidência da assembleia-geral. O novo presidente já tinha estado nos órgãos sociais da APAC, convidado por José Casaleiro, e ficou como vice-presidente durante três mandatos. Regressou agora, após um interregno de oito anos, liderando a única lista candidata às eleições, composta por pessoas novas e outras que já tinham ligação à APAC.
O processo de transição de direcção durou cerca de um ano, com avanços e recuos. Com a saída do anterior presidente e com o apoio dos funcionários Paulo Mata decidiu assumir o comando. “Aprendi muito com o Casaleiro, uma referência no âmbito social do concelho e até a nível nacional. Não tenho memória curta. Apesar de pensarmos algumas coisas de forma diferente, a APAC deve-se a ele e nunca iria constituir uma lista contra o Casaleiro”, relata.
Paulo Mata é remunerado, até porque está todos os dias na APAC das 10h00 às 17h00. Na sua opinião, os dirigentes de instituições particulares de solidariedade social (IPSS) devem ser pagos porque a gestão não se compadece com assinar papéis ao final do dia. É preciso dar respostas diárias. “Não concordo é que politizem as instituições, coloquem pessoas em lugares estratégicos e usem as IPSS como trampolins. Mas na APAC isso não aconteceu porque a porta esteve sempre aberta a todos e ninguém foi ostracizado. O Casaleiro tinha uma máxima que era nem de cócaras nem ao pontapé e essa é a melhor forma de estar, porque precisamos de todos, mais cedo ou mais tarde”, reitera.
Aumento das despesas com pessoal e as dívidas dos pais
Os maiores desafios da APAC são as despesas e a ginástica financeira que é preciso fazer para pagar vencimentos e demais compromissos. As dívidas da instituição são sobretudo com os fornecedores da área alimentar, uma vez que diariamente a instituição confecciona 2 mil refeições para os utentes, escolas e protocolos de complementaridade. O montante é significativo mas a nova direcção ainda está a apurar valores.
O aumento do salário mínimo nacional para 870 euros tem um peso grande no orçamento. Só até ao nível 9 (categoria dos trabalhadores) a APAC vai ter um aumento de despesas com salários a rondar os 20 mil euros mensais. Segundo o presidente, o valor que vem dos acordos pagos pelo Estado, prevê uma actualização de 6%, valor que não é suficiente. “É preferível decidir mal do que não tomar nenhuma decisão. E vamos ter que tomar uma decisão, que acontece com todas as IPSS: cortar nas despesas”, sublinha.
De acordo com Paula Resende, tesoureira, os pais devem um valor significativo em mensalidades. Está a ser feito um levantamento de casos para serem tomadas medidas, sendo que as dívidas mais difíceis de cobrar são de pessoas que já não têm os filhos na instituição. “Este valor de dívidas disparou e é algo que vai ter de mudar. Vamos ter de pressionar os pais a pagar. Porque depois, na reunião dos trabalhadores, dizem que não aumentamos os ordenados porque não cobramos as dívidas e isso cria instabilidade”, explica Paulo Mata.
Melhorar a comunicação com os pais
A nova direcção compromete-se a trabalhar para melhorar a comunicação com os pais, sobretudo na valência de ATL, e ir ao encontro das actividades que os encarregados de educação querem para os filhos. Na valência pré-escolar, como o Estado dá resposta, a APAC não tem todas as salas preenchidas com crianças. Num futuro próximo o número de salas sem acordo com a Segurança Social poderá ter que ser reduzido.
Paulo Mata defende a gratuitidade do ensino, nomeadamente na valência de creche, desde que o Estado compense com verba suficiente, o que diz não estar a acontecer com o programa Creche Feliz. “O custo das coisas em Lisboa não é o mesmo de Trás-os-Montes e a verba que é paga é a mesma a nível nacional. O valor pago pelo Estado cobre as despesas mas a instituição precisa de margem para continuar a investir e a reinvestir”, diz. Para Paulo Mata “a gestão da APAC tem de ser empresarial mas com uma condição: Ser com o coração”.
Paulo Mata não vive sem desporto
Paulo Mata tem 60 anos e há três que está na reserva, enquanto sargento da Força Aérea. Entrou aos 18 anos para a vida militar, esteve no Montijo, nos Açores, em Alverca (Depósito-Geral de Material) e terminou como sargento-mor, assessor do comandante, ao serviço do avião Falcon no aeroporto de Lisboa (avião presidencial que transporta os governantes).
É de Sacavém mas mora na Póvoa de Santa Iria desde 1988. É casado e tem um filho de 26 anos a viver em Inglaterra. Dá aulas de Cycling duas vezes por semana no Centro Popular de Cultura e Desporto (CPCD) na Póvoa de Santa Iria e vai no segundo mandato como tesoureiro no clube. Está a trabalhar em conjunto com o presidente do CPCD no projecto para fechar o pavilhão polidesportivo e na construção dos novos balneários. Um compromisso que assumiu e vai honrá-lo e por isso só sai no final do mandato.
O desporto de eleição é o atletismo e participou em provas durante 15 anos. Todos os dias acorda às 07h00, para correr com um amigo, e depois de tomar o pequeno almoço leva a esposa ao trabalho. Às 10h00 está na APAC e sai depois das 17h00. Segue para o CPCD onde fica a tratar de assuntos do clube até às 19h30. Se der aula de cycling só sai do clube às 22h00. Uma ou duas vezes por semana ainda vai ao ginásio. Diz que é muito activo e não é capaz de ficar um dia sem desporto.