Associação Gentes de Almeirim foi fundada por um padre e é conhecida pelo arroz doce
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Associação Gentes de Almeirim surgiu para ocupar um espaço deixado em aberto entre o folclore e a defesa do património etnográfico.
Apesar de o presidente Ricardo Mónica ter sido padre e de ter começado com muita gente da igreja católica, a associação reúne gente de todas as sensibilidades religiosas, tendo tido já um budista, sendo a amizade o valor que sustenta o grupo.
A Gentes de Almeirim é o resultado de um balão de ensaio da ligação de Ricardo Mónica às tradições e cultura, para ocupar um espaço entre a defesa do património cultural e o folclore. A sua ligação à igreja católica e ao Rancho Folclórico da Casa do Povo de Almeirim, onde foi tocador, dançarino e cantor, mobilizaram colaboradores que hoje chegam às 60 pessoas, umas ligadas à religião, outras ao folclore e outras a nenhuma das áreas. Os primeiros passos que resultaram na constituição da associação sem fins lucrativos começaram em 2004, quando Ricardo Mónica tinha acabado de entrar para a vida eclesiástica na Diocese de Santarém.
A vida de Ricardo Mónica na associação cruza-se em parte com a sua vida como padre. A Gentes de Almeirim foi constituída oficialmente em Fevereiro de 2012 e cerca de um ano depois o presidente da direcção suspendeu as funções de padre, situação que mantém. Nessa altura o ex-padre nascido em Almeirim já tinha praticamente oito anos de pesquisas sobre tradições, ofícios, cantigas e o linguajar típico, além de orações, que têm servido para as representações etnográficas que apresentam em vários palcos do país.
Uma das missões da associação é apoiar outras instituições, disponibilizando fundos que vão angariando, como já aconteceu com a Liga Portuguesa Contra o Cancro, ou com os Bombeiros Voluntários de Almeirim, entre outras. Além disso ajudam famílias em dificuldades que lhes chegam ao conhecimento, sobretudo famílias da classe média que de repente se viram a braços, por exemplo, com situações de desemprego e com dificuldades em pagar os empréstimos das suas casas. Mas também há gestos de conforto, como a de levarem arroz doce aos utentes e profissionais da Unidade de Oncologia do Hospital Distrital de Santarém no Dia Mundial do Cancro.
O arroz doce é uma das marcas da associação e é através desta especialidade que muita gente conhece a associação. O doce está presente nas actividades públicas da Gentes de Almeirim, seja nos espectáculos, seja nas acções de animação do mercado municipal, ou nas festas da cidade e no Festival da Sopa da Pedra, onde marcam presença anualmente. A instituição recebe pessoas de todos os credos e até já teve um budista no seu quadro de voluntários, conforme conta Ricardo Mónica. O que une os elementos do grupo é a amizade, refere o presidente.
A associação tem tido também um papel importante na recolha de elementos sobre as profissões tradicionais. A Gentes de Almeirim faz quadros etnográficos em eventos para os quais é convidada ou em representação da câmara municipal, sendo que todos os anos está na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa no dia do Município de Almeirim com o arroz doce. Também costuma participar na Feira Nacional de Agricultura e no Festival Nacional de Gastronomia em Santarém.
Os próximos objectivos desta organização é continuar a fazer a recolha material e imaterial que caracterizam Almeirim e proporcionar formação etnográfica aos elementos do grupo. Está também a dar os primeiros passos para o desenvolvimento de uma escola de bandolim em parceria com o Orfeão de Almeirim.