Encarregado geral da Câmara da Chamusca desterrado para campo de jogos está no sítio certo

Presidente da Câmara da Chamusca diz que Fernando Brás, encarregado geral do município que continua “de quarentena” no campo de jogos, está a cumprir funções no devido local. O MIRANTE denunciou o caso pela primeira vez há quase cinco anos e a situação mantém-se. Jurista diz que estamos perante eventual abuso de poder e de perseguição.
O presidente da Câmara Municipal da Chamusca, Paulo Queimado, afirma que o encarregado geral do município “está a cumprir funções no devido local”. Recorde-se que Fernando Brás, o funcionário que Paulo Queimado “chutou” para um gabinete das instalações do campo de jogos da Chamusca há mais de sete anos, é o único encarregado geral da autarquia.
A afirmação do presidente da câmara, que é publicada na íntegra neste artigo, foi proferida na última sessão camarária, que se realizou na terça-feira, 18 de Fevereiro, depois de uma questão levantada pela CDU. “Gostava de lhe perguntar como é que está a situação do encarregado geral da autarquia”, questionou a vereadora Gisela Matias. Paulo Queimado deu a resposta e o assunto “morreu”, não tendo havido mais discussão por parte dos vereadores da oposição, onde também se inclui Tiago Prestes (PSD/CDS).
Tal como O MIRANTE tem vindo a noticiar, há mais de sete anos que Fernando Brás está sem trabalhar, embora recebendo o ordenado a tempo e horas. O MIRANTE deu visibilidade a este assunto em final de Fevereiro de 2020, mas a situação continua sem se alterar. No ano passado, um jurista ouvido por O MIRANTE considerou haver abuso de poder e eventual perseguição a um trabalhador por parte da sua entidade profissional. “O Ministério Público deve averiguar. Quem extravasar o poder que tem para prejudicar alguém, tem que responder por isso. Esta situação está a prejudicar os serviços da câmara municipal, há uma má gestão dos recursos humanos da autarquia que lesa o município, como é evidente na história que O MIRANTE contou há anos, e que não teve qualquer efeito na atitude e na gestão dos políticos que governam a câmara. Tendo em conta que o facto é conhecido, e se repete há pelo menos seis anos, é do conhecimento público e é comentado em toda a vila, certamente que as autoridades não deixarão de actuar, porque está em causa o estado de direito e a ofensa à dignidade de uma pessoa”, disse, na altura, o jurista que aceitou conversar com o nosso jornal.
Fernando Brás é um dos trabalhadores mais antigos da Câmara da Chamusca. Foi para o campo de jogos gerir umas obras que iam começar naquele espaço, mas até agora as obras não começaram. Aparentemente foi só um pretexto para o retirarem do antigo gabinete onde desempenhava o cargo de encarregado-geral. Desde essa altura que faz a gestão do seu tempo de trabalho sem trabalhar. O único encarregado-geral da Câmara da Chamusca só precisa de gerir o seu tempo morto já que não tem trabalho nem qualquer responsabilidade atribuída.
Fernando Brás trabalha na Câmara da Chamusca desde 1979. Chegou a encarregado ainda no tempo da presidência de Sérgio Carrinho. Há cerca de sete anos a vice-presidente da Câmara da Chamusca, Cláudia Moreira (PS), chamou-o e anunciou que seria ele a dirigir umas obras que iam começar no campo de jogos da Chamusca. Nestes anos nunca mais houve obras nem lhe deram qualquer justificação para o facto de o terem desterrado para um gabinete, num campo de jogos, quase no meio do mato, sem qualquer função ou responsabilidade.
Fernando Brás disse em Fevereiro de 2020 a O MIRANTE que não sabe quem depende dele, uma vez que ainda exerce o cargo de encarregado geral, ou sequer quem é o seu chefe, porque nestes últimos tempos ninguém o procurou ou lhe pediu responsabilidades. Trabalha ainda hoje, tal como na altura da nossa reportagem, num gabinete a um cantinho de uma sala, isolado, e desde que foi para aquele espaço nunca mais foi chamado para nada; continua a ter a função de encarregado-geral mas não vai a formações, nunca mais entregou um papel nos recursos humanos da autarquia, tem um telemóvel da autarquia mas não tinha na altura acesso a dados móveis; a única coisa boa que lhe acontece verdadeiramente é o ordenado a tempo e horas na sua conta bancária. Segundo ainda afirmou na altura limita-se a cumprir ordens. “Nunca ouvi uma repreensão, nunca me dirigiram uma má palavra, nunca aconteceu nada que justifique uma coisa destas”, disse a O MIRANTE, numa breve conversa ao telefone.
Entretanto O MIRANTE tem recuperado esta história publicada em Fevereiro de 2020 pela primeira vez, mas não tem tido a colaboração do funcionário da câmara que preferiu não responder às nossas perguntas por achar que já tinha dito tudo quando do primeiro trabalho editorial de O MIRANTE.