Municípios da região fazem das tripas coração para fixar médicos de família
Falta de médicos nos cuidados de saúde primários em municípios fora dos grandes centros urbanos é uma realidade que tem obrigado a medidas camarárias de incentivo à fixação, como acontece em Abrantes e Mação.
Complementos salariais, apoios financeiros para arrendamento de casas e deslocações ou oferta de habitação são algumas das medidas dirigidas a médicos de família para prestarem serviços em centros e extensões de saúde.
Em Abrantes, na região do Médio Tejo, a falta de clínicos também se faz sentir, mas o panorama é menos grave: o município custeia, com cerca de 12 mil euros, 12 médicos responsáveis pela gestão de duas Unidades de Saúde Familiar (USF), que asseguram cuidados de saúde primários regulares a cerca de metade dos 30 mil utentes concelhios. Com uma terceira USF em constituição, para ser possível cobrir todo o território, o investimento municipal, segundo explicou à Lusa a vereadora Raquel Olhicas, não é só financeiro, mas também na “construção de equipamentos de saúde de elevada qualidade”, considerado um factor de atractividade para os profissionais de saúde.
Em Mação, no limite entre o distrito de Santarém e o Alto Alentejo, os dados disponibilizados à Lusa apontam para 75% da população - muito envelhecida e dispersa por um território com mais de 120 aldeias – sem médico de família. O município, que tem pouco mais de sete mil habitantes, “acena” com um bónus salarial de 2.500 euros por mês a quem ali queira prestar cuidados de saúde, medida tomada depois de, em 2023, dois dos três médicos de família então existentes terem saído ao atingirem a idade de reforma.
Actualmente, o regulamento municipal apoia duas médicas do centro de saúde local, uma das quais, por também ter atingido o limite de idade para ter vínculo ao Serviço Nacional de Saúde, está ao serviço ao abrigo do programa governamental “Bata Branca”, que visa providenciar assistência a quem não tem médico de família, afirmou a actual presidente da Câmara de Mação, Margarida Lopes.