Sociedade | 05-03-2025 21:00

Novo espaço multiusos do Instituto da Vinha e do Vinho de Almeirim quer atrair eventos que estimulem a economia

Novo espaço multiusos do Instituto da Vinha e do Vinho de Almeirim quer atrair eventos que estimulem a economia
Pedro Ribeiro e Castro Almeida inauguraram novo espaço multiusos onde em tempos funcionou o IVV em Almeirim

O espaço multiusos de Almeirim, que se chama Imóvel de Valência Variadas, para perpetuar a sigla do antigo edifício do Instituto da Vinha e do Vinho, já foi inaugurado e agora o desafio é desenvolver eventos no local que tenham uma componente de desenvolvimento económico.

O presidente da câmara, Pedro Ribeiro, diz que a requalificação do espaço que custou cinco milhões de euros foi pensada nesse sentido e o ministro da Coesão Territorial, Castro Almeida, reforça que o tempo de construir equipamentos está a passar e que o foco deve ser a economia.

As antigas adegas do IVV - Instituto da Vinha e do Vinho, em Almeirim, foram inauguradas como Imóvel de Valências Variadas, num aproveitamento da sigla, que vai marcar também a transformação de uma zona da cidade conhecida como “Charcos”. O espaço que tem duas grandes salas para actividades, feiras e exposições foi inaugurado pelo presidente da câmara Pedro Ribeiro e pelo ministro-adjunto e da Coesão Territorial, Castro Almeida, na sexta-feira, dia 21, em passo acelerado por causa, segundo justificou o autarca, da agenda do governante. A obra já estava pronta há algum tempo e já se tinham realizado algumas iniciativas no local, que o presidente do município disse servirem de teste, mas a inauguração foi sendo adiada à espera de se conseguir a presença o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o que acabou por não se conseguir.
Num investimento de cerca de cinco milhões de euros, financiado por fundos comunitários, o imóvel vem proporcionar também uma segunda intervenção no contiguo Jardim dos Charquinhos, o primeiro da cidade logo após o 25 de Abril. Uma requalificação que deve arrancar em Março e que vai promover a ligação do espaço verde ao edifício com a imponência que lhe é dada por uma altura equivalente a um terceiro andar, com um auditório com 532 lugares, duas salas multifunções, 800 metros quadrados (m2) e 1.400 m2, além de outros espaços e até uma cozinha. Destacando a versatilidade do espaço, que até permite realizar banquetes, Pedro Ribeiro sublinhou que o equipamento vai “proporcionar uma oferta de extrema qualidade”, colmatando “uma necessidade da região”.
O novo espaço, com capacidade para mil pessoas, representa para Pedro Ribeiro um investimento “marcante para o concelho e para a região”, que foi também pensado para a dinâmica económica, de forma a poder atrair para o concelho eventos que depois possam alavancar a economia. Um aspecto destacado pelo ministro no final da cerimónia, dizendo que a fase de construção de infraestruturas e equipamentos “já está praticamente ultrapassada” e que o foco agora deve ser “o desenvolvimento económico”. Castro Almeida reforçou que “o que as pessoas mais precisam é de emprego, bons empregos, que paguem bons salários”, acrescentando que os autarcas serão avaliados pela sua capacidade de atraírem mais emprego.
Apesar de já estar a funcionar, há algumas falhas ainda por resolver relacionadas com o facto de não haver energia trifásica, e de as portas não terem dimensão suficiente para, por exemplo, se fazer uma feira automóvel porque os carros não passam em virtude de as entradas para a sala multiusos terem um poste ao meio. Situações que o autarca garante que vão ser resolvidas, reconhecendo que a questão das portas foi um lapso do projecto. Outra situação é a falta de um monta-cargas para levar equipamentos para o primeiro andar, onde está o auditório, mas Pedro Ribeiro desvaloriza a questão dizendo que há um elevador para utentes com boas dimensões e espaço para instalar um segundo.

Rui Guerra

O último funcionário do IVV de Almeirim que entregou as chaves sem se concretizar o projecto de museu

Rui Guerra foi colocado no IVV de Almeirim depois de mais de duas décadas a trabalhar no Instituto da Vinha e do Vinho em Santarém, para dar corpo a um projecto de instalação de um museu na cidade da sopa da pedra. A ideia nunca saiu do papel e o funcionário foi usando o espaço como base do trabalho para organizar a presença em feiras de vinhos e guardar os materiais de promoção do instituto.

Rui Guerra, natural de Santarém mas a viver há muitos anos em Almeirim, foi o último funcionário do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) em Almeirim. Tinha sido colocado nas instalações onde havia uma destilaria, adega, escritórios, num espaço de cerca de três mil metros quadrados, para instalar um museu no local, que nunca saiu do papel. O trabalhador que tinha entrado para o IVV em 4 de Agosto de 1975, em pleno “verão quente”, período em que o país vivia o mais conturbado momento do processo revolucionário com forças políticas a defenderem a tomada de poder à força empenhadas em instalar uma democracia eleitoral.
Depois de mais de duas décadas a trabalhar no instituto em Santarém, demolido recentemente num elevado estado de degradação, foi transferido para Almeirim com a missão de preparar o espaço para receber um museu nacional do vinho. Posteriormente a câmara veio apresentar um projecto para a instalação no local de um centro de competência de apoio às empresas agro-industriais da região. Nessa altura, em Novembro de 2007, as instalações da adega e destilaria estavam inactivas há 10 anos. A ideia envolvia o Instituto Superior de Agronomia e a Associação Empresarial da Região de Santarém – Nersant. O então presidente do município Sousa Gomes, falecido em 2016, anunciava que estava inclusivamente a negociar a compra das instalações.
Os projectos não andavam e Rui Guerra faz das instalações de Almeirim a sua base de trabalho de relações públicas do instituto, onde guardava os painéis e materiais que eram usados em feiras de vinho por todo o país. O antigo funcionário, que esteve presente na inauguração da requalificação do edifício na sexta-feira, dia 21, que agora é um espaço multiusos, recorda que ainda chegou a ser feito um protocolo para a criação do museu, que seria muito mais que um depósito de peças. A ideia era que fosse também um centro de documentação e que tivesse uma oficina de reparação de peças antigas. O novo IVV é um motivo de alegria que Rui Guerra sobreleva à tristeza que sentiu quando, enquanto último trabalhador, entregou as chaves das instalações a um elemento do instituto que se deslocou de Lisboa a Almeirim.
“Foi com muita pena que assisti ao último dia do IVV em Almeirim, mas estou muito feliz por terem recuperado o edifício. Está uma obra magnífica”, comenta Rui Guerra, que não chegou a perceber porque que é o museu ficou emperrado, talvez porque tenha sido preciso investir noutras coisas, mas que gostaria que agora ressurgisse a ideia de um núcleo museológico nos espaços de circulação e de espera do novo IVV – Imóvel de Valências Variadas. Uma questão que o presidente da câmara, questionado nesse sentido por O MIRANTE, vê com bons olhos, até porque já foram colocados alguns objectos antigos ligados ao vinho. Pedro Ribeiro diz que é possível agora recolher algumas peças no concelho para serem expostas.

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