Centro de Ciência Viva do Alviela recebeu mais de 280 mil visitantes desde a sua abertura

Do rio Alviela aos morcegos, o Centro de Ciência Viva do Alviela - Carsoscópio trabalha há quase duas décadas na preservação do património natural e científico através do ensino escolar e da sensibilização da comunidade. O MIRANTE esteve à conversa com Paula Robalo, directora-executiva do espaço, que ambiciona afirmá-lo ainda mais como um marco na região ribatejana.
O Centro de Ciência Viva do Alviela foi fundado em 2007 a partir do centro de interpretação das nascentes do Alviela. Em 2010 tornou-se uma associação, resultado dos esforços de vários parceiros. Paula Robalo, directora-executiva do centro desde 2013, considera fundamental a existência de sinergias entre as várias entidades para o bom funcionamento do espaço. “Mariano Gago, o criador da Ciência Viva, dizia que ninguém sabe o suficiente para fazer as coisas sozinho. Portanto o que nós fazemos aqui é trabalhar em equipa e isso facilita bastante o nosso trabalho”, refere a O MIRANTE.
Paula Robalo é licenciada em Geologia pela Faculdade de Ciências de Lisboa e está no projecto Ciência Viva há 25 anos. Esteve 14 anos como coordenadora da equipa de monitores no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, antes de, em 2013, se mudar para o Centro de Ciência Viva do Alviela. O centro tem como principal missão dar a conhecer o património natural e científico que existe na região e as temáticas desenvolvidas estão relacionadas com isso mesmo. Desde a sua abertura em 2007 e até ao final de 2024, o centro envolveu nas suas actividades mais de 280 mil visitantes, maioritariamente público escolar. O Quiroptário é uma das atracções e foi desenhado para ajudar a desmistificar algumas ideias erradas sobre morcegos. “O nosso papel é ajudar as pessoas a perceber a importância de preservar estas espécies. Os morcegos são controladores de pragas, são insectívoros e cada morcego come metade do seu próprio peso em insectos todas as noites”, reitera Paula Robalo. Em Portugal existem 27 espécies identificadas de morcegos, dessas já foram identificadas 12 no Alviela. O número de espécies em extinção baixou de nove para seis nos últimos anos, em parte graças ao trabalho feito neste centro científico. O outro grande foco científico do Centro de Ciência Viva do Alviela é a nascente cársica do rio Alviela, que os visitantes podem ver de perto na viagem virtual proporcionada pelo Carsoscópio. “Mostramos como é que funciona o regime hídrico da região, que alberga um dos maiores reservatórios de água doce do país”, lembra Paula Robalo. O trabalho feito neste âmbito vai no sentido de sensibilizar a população para a não contaminação das águas.
A força da Escola Ciência Viva
Paula Robalo não tem dúvidas de que o ponto forte do centro é a Escola Ciência Viva, já que cerca de 80% do público do centro são escolas do ensino pré-escolar e 1.º ciclo. “Desenvolvemos um trabalho de proximidade com o Agrupamento de Escolas de Alcanena e acompanhamos os miúdos desde o pré-escolar até ao final do 1.º ciclo. Fazemos acompanhamento nas actividades extracurriculares e eles também vêm cá fazer actividades”, aponta. As actividades com as crianças são de complementaridade com aquilo que aprendem na escola e com um cariz mais experimental. Paula Robalo destaca a importância desta parceria para envolver as crianças em temas que não são tão fáceis de abordar por parte dos professores do ensino básico. “Introduzimos as crianças nas questões do ambiente, da biodiversidade, das novas tecnologias, da programação e da robótica”, vinca.
Ainda assim, Paula Robalo não deixa de apontar que os adultos são uma visita cada vez mais frequentemente. Os visitantes são maioritariamente de Santarém, mas chega também muita gente vinda de Lisboa e Leiria. “Quero que o Centro de Ciência Viva do Alviela seja um marco na região e que traga ainda mais pessoas de fora”, partilha com entusiasmo.