Pessoas a viver em contentores na antiga Fabrióleo levantam preocupações de saúde pública

Dois contentores estão a servir de casa a um grupo de pessoas nas instalações da antiga fábrica, em Carreiro da Areia, Torres Novas. Terrenos contíguos enlameados levantam suspeitas de insalubridade. Fiscalização municipal já foi ao local.
Nos terrenos da antiga Fabrióleo, fábrica de óleos vegetais desactivada situada em Carreiro da Areia, no concelho de Torres Novas, foram instalados dois contentores marítimos convertidos em casas e onde estão a viver várias pessoas. A situação foi denunciada pelo porta-voz do movimento ambientalista Basta, Pedro Triguinho, na última Assembleia Municipal de Torres Novas, onde questionou o presidente do município se aqueles contentores têm licença de habitabilidade.
Segundo conta Pedro Triguinho a O MIRANTE, os contentores-casa foram instalados numa lateral, no terreno da antiga fábrica há cerca de oito meses, estando actualmente pessoas a habitá-los, algumas, aparentemente, de origem estrangeira. A situação tem causado incómodo aos habitantes de Carreiro da Areia que têm notado, sobretudo ao final do dia, que os terrenos contíguos ficam enlameados, levando a crer que os contentores não têm ligações à rede de águas residuais, podendo constituir, dessa forma, um caso de saúde pública.
Contactado por O MIRANTE, o vice-presidente da Câmara de Torres Novas, Luís Silva, afirma que assim que tomou conhecimento da situação, na assembleia municipal, solicitou “de imediato” aos serviços municipais que fosse feita uma fiscalização ao local. Em resultado da mesma, que ocorreu no dia seguinte à sessão, adianta, “a habitação indevida está identificada”, o que obriga o município a notificar os proprietários do terreno para que regularizem a situação, “se é que é possível regularizar”. Luís Silva disse ainda que, “por causa da insalubridade” detectada, iriam ser contactadas outras entidades para que possam ser tomadas medidas.
Na assembleia municipal, o presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira (PS), disse que iriam “procurar saber melhor o que há nos contentores” e que se houvesse casos sociais que iriam ser encaminhados para o gabinete de acção social.
A Fabrióleo, recorde-se, fechou portas depois de uma decisão do Tribunal Central Administrativo Sul, em Junho de 2020, e depois de, em 2018, a Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI) ter decretado o seu encerramento na sequência de denúncias e inspecções.