Alenquer quer esclarecimento sobre o impacto da ferrovia de alta velocidade no concelho

A Câmara de Alenquer convidou a Infraestruturas de Portugal a esclarecer o impacto da linha de alta velocidade ferroviária no concelho. A apresentação pública do plano estratégico e de mobilidade do Carregado acontecerá em breve, refere o vereador Tiago Pedro, que recorda ter sido solicitada à IP a desclassificação da EN1 e da EN3 no troço que atravessa o concelho.
A Câmara Municipal de Alenquer vai convidar a empresa pública Infraestruturas de Portugal (IP) a fazer-se representar na apresentação pública do plano estratégico e de mobilidade para o Carregado, a acontecer em breve na freguesia. Segundo avançou a O MIRANTE o vereador Tiago Pedro, esta será uma oportunidade da IP falar sobre o troço da alta velocidade ferroviária que vai atravessar o concelho de Alenquer, entre outras matérias.
O autarca diz que o ano passado a IP pediu uma reunião na câmara com os projectistas onde apresentou o traçado da alta velocidade. O percurso em Alenquer são “umas centenas de metros” quase paralelos à Estrada do Carril, o que significa que a via passa a ter mais uma servidão. Terão que ser feitas expropriações numa quinta naquele local e possivelmente uma passagem em viaduto em direcção a Vila Nova da Rainha (Azambuja). Também está previsto o traçado de alta velocidade passar num espaço rústico na freguesia da Ota (Alenquer). “A IP não nos pediu contributos, apenas mostrou o projecto e solicitou documentos de gestão do território com o PDM. Só agora, em sede de consulta pública, é que podemos concertar uma posição conjunta com as juntas de freguesia do Carregado e Cadafais e Ota e depois fazer chegar a posição ao Governo”, explicou.
O estudo de impacte ambiental do troço da alta velocidade ferroviária entre Soure e o Carregado, com 115 quilómetros, está em discussão pública até 21 de Março. Para Tiago Pedro é difícil perceber por que motivo o município de Vila Franca de Xira tem seis estações de comboio e a única que serve Alenquer (estação do Carregado) localiza-se no concelho vizinho de Vila Franca de Xira. “É difícil conceber como as forças políticas não mudaram a questão de Alenquer ter estação de comboio”, refere.
Autarcas querem desclassificação da EN1 e EN3
No actual mandato, a Câmara de Alenquer solicitou à IP a desclassificação das Estradas Nacionais (EN) 1 e 3, uma vez que está impedida de intervir nessas vias. O executivo tem projectado a cogestão dos troços urbanos da EN1 (do primeiro abrigo de passageiros do Carregado até ao Parque de Pesados) e da EN3 (até ao Campera). “O desenho parece-me viável desde que haja boa vontade da Brisa e da IP. A factura a pagar é a manutenção e conservação do troço, mas por outro lado temos liberdade total para mexer nos limites de velocidade, pôr passeios e semáforos”, sublinha.
Para Tiago Pedro não faz sentido haver portagens em Alverca, até porque a EN1 não é alternativa ao trânsito. Em horas de ponta é penoso ir de carro até Lisboa. A deslocação do Carregado até Lisboa, na perspectiva do autarca, devia ser gratuita pela A1. “A IP, tipicamente, é cristalizada nas suas decisões e com pouca margem para negociar, o que é péssimo. No Carregado andamos há três anos a lutar contra a IP porque as obras previstas para a EN1, há 8 anos, têm impedido o desenvolvimento do território”, refere. No Carregado a estratégia da câmara passa por criar a possibilidade das viaturas pesadas entrarem e saírem em direcção a Vila Nova da Rainha e sair a norte sem que tenham de atravessar a malha urbana.
Parque de pesados vai a hasta pública
O parque de pesados vai ficar localizado entre Alenquer e o Carregado, na EN1. A câmara comprou o terreno mas não vai investir capital na construção da infraestrutura e vai lançar uma hasta pública para um agente económico explorar o espaço. Vai haver um caderno de encargos tendo em conta que o parque terá que ter restauração, alojamento e um conjunto de serviços integrados.
Tiago Pedro avança ainda que está em estudo prévio um projecto feito com o município de Vila Franca de Xira. O levantamento topográfico foi feito a meias com o concelho vizinho e visa revitalizar a frente de rio. O projecto contempla um espaço verde e desportivo, sendo que as casas da EPAL seriam cedidas para construir albergues para os peregrinos. “Temos uma frente de rio muito pequenina mas queremos tirar partido dela. A E-Redes concede-nos o uso do cais flutuante, que seria para desporto náutico, em que se poderia desafiar os clubes a explorar. Se amanhã alguém politicamente der continuidade a isto ficarei satisfeito por ter estado na génese do projecto”, afirma o autarca.