Sociedade | 12-03-2025 18:00

Depressão é a segunda principal causa de morte em adolescentes

Depressão é a segunda principal causa de morte em adolescentes
Equipa comunitária de saúde mental da Unidade Local de Saúde da Lezíria esteve em Rio Maior numa sessão muito participada.

A equipa comunitária de saúde mental da Unidade Local de Saúde da Lezíria esteve em Rio Maior a esclarecer dúvidas e ensinar estratégias sobre como lidar com a ansiedade e depressão nas crianças e adolescentes. São acompanhados cerca de 40 crianças e jovens dos concelhos de Rio Maior, Coruche e Salvaterra de Magos.

A depressão é a segunda causa de morte em jovens entre os 15 e os 29 anos e foi tema da última “Conversas com pais...”, promovida pela Câmara Municipal de Rio Maior. A iniciativa mobilizou pais sensibilizados para o tema, ou que estão a passar por problemas de ansiedade ou depressão com os filhos, num total de cerca de 30 pessoas. Tiveram oportunidade de esclarecer dúvidas e aprender estratégias com a equipa comunitária de saúde mental da Unidade Local de Saúde (ULS) da Lezíria, que dinamizou a sessão na Biblioteca Municipal Laureano Santos, em Rio Maior.
Segundo dados apresentados pela equipa, entre um terço e um quarto dos alunos do 5º ao 12º ano refere sentir, várias vezes por semana ou quase todos os dias, sentimentos de tristeza, irritação e nervosismo. A pedopsiquiatra Filipa Cordeiro esclareceu que a tristeza é normativa, mas se o jovem é tão preocupado que afecta a sua concentração e prejudica as aprendizagens deve ser procurada ajuda. “O medo é útil, a ansiedade torna-se patologia quando o medo é desproporcional ao problema. Um jovem preocupado se calhar é mais estudioso; se é tão preocupado que afecta a concentração e prejudica as aprendizagens deve procurar ajuda”.
A terapeuta ocupacional Raquel Pereira deu alguns exemplos de estratégias para acalmar a ansiedade. No caso dos adolescentes, ouvi-los, realizarem alguma actividade de que gostam e que permita a socialização e, por exemplo, escreverem num diário. Nas crianças, a técnica de cheirar a flor e soprar a vela continua a ser uma boa estratégia para tranquilizar. Em caso de ataques de pânico, deve ser procurado um local sem barulho e interferências, a pessoa deve sentar-se e controlar a respiração. Deve ser reforçado que a situação vai passar, optando por frases como “Sei que está a ser um período difícil, mas sabemos que vai passar. Estou aqui contigo!”, em vez de “Tem calma”, “Não tens de ter medo” ou “O que se passa?”. Filipa Cordeiro alerta para a importância de dar espaço à criança e não serem chamados os pais para ir para casa. Quando existe medicação pode recorrer-se ao SOS e quando passar a situação pode tentar-se falar abertamente sobre o que se passou.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 10% a 20% das crianças e jovens em todo o mundo têm ou podem vir a ter depressão. Para ser considerada uma perturbação e não uma reacção normal, os sintomas devem persistir durante pelo menos duas semanas e ser geralmente acompanhados por tristeza, alterações no apetite e nos padrões de sono, fadiga, dificuldades de concentração, em tomar decisões, perda do apego pela vida, ideias de morte ou pensamentos suicidas, sentimentos de inutilidade, desvalorização e desespero. As estratégias descritas por Raquel Pereira passam por ouvir e não julgar, falar com a criança ou adolescente e convencê-lo a falar com um profissional de saúde e, por exemplo, realizar actividades conjuntas fora da rotina.

40 crianças estão a ser acompanhadas
A equipa comunitária de saúde mental da ULS da Lezíria, criada em 2021 e composta por duas pedopsiquiatras, uma assistente social, uma terapeuta ocupacional, duas enfermeiras e um psicólogo, intervém nos concelhos de Rio Maior, Coruche e Salvaterra de Magos, considerados os mais distantes do Hospital Distrital de Santarém, com menos resposta e mais casos, conforme descrito por Raquel Pereira.
São realizadas visitas às escolas e domicílios e em acções de sensibilização terão sido abrangidas cerca de 2.000 crianças e 40 estão a ser acompanhadas em visitas domiciliárias. Nos mais pequenos, são mais frequentes casos de autismo, hiperatividade e comportamentos de oposição e desafio. Nos adolescentes, verificam-se os comportamentos autolesivos e absentismo escolar.
A pedopsiquiatra Filipa Cordeiro referiu, em resposta a um pai, que as novas tecnologias podem ser uma causa e uma consequência da ansiedade social e que o segredo está no equilíbrio, uma vez que as novas gerações cresceram de maneira diferente e as redes sociais também são uma forma de socialização. Raquel Pereira alertou para não se confundir parentalidade positiva com permissividade. “É firmeza, colocar limites, mas também falar sobre o que sentiu e confrontar”, descreveu.

Equipa comunitária de saúde mental da Unidade Local de Saúde da Lezíria esteve em Rio Maior numa sessão muito participada.

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