Vila Franca de Xira quer vender antiga Escola da Armada pela qual pagou oito milhões

Oito milhões de euros e oito anos depois do negócio com o Estado, a Câmara de Vila Franca de Xira quer vender a maioria do antigo complexo militar da Marinha a privados e colocar de lado o projecto inicial idealizado pelo anterior presidente da autarquia, Alberto Mesquita.
Ao fim de oito anos sem qualquer desenvolvimento e ao abandono, o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira (PS), anunciou a intenção de vender o espaço da antiga Escola da Armada a privados, para assim se conseguir a recuperação e dinamização do espaço. Isto depois de, em 2017, a câmara ter decidido comprar aquele imóvel ao próprio Estado por 8 milhões de euros mas sem que, até hoje, algo tenha nascido no local. Há apenas o anúncio da criação no espaço do novo tribunal da cidade e a intenção declarada do autarca em garantir uma área para o alargamento dos espaços desportivos existentes nas proximidades.
O complexo das antiga Escola da Armada, incluindo os edifícios antigos e um vasto espaço exterior, deverá ser colocado à venda abrindo assim as portas a promotores imobiliários para investirem no local. Segundo Fernando Paulo Ferreira, a cidade de Vila Franca de Xira precisa de economia e investimento privado, replicando o conceito de bairro ribeirinho como o que está a ser feito com o empreendimento Vila Rio na Póvoa de Santa Iria. Para Fernando Paulo Ferreira mais habitação de qualidade será uma porta para o desenvolvimento económico e social da cidade. “Haverá um momento em que este assunto virá a discussão em reunião de câmara e depois logo se verá o que pensa cada uma das forças políticas”, afirmou o autarca em reunião de câmara, depois das diferentes forças políticas terem condenado a ideia.
Oposição contra a ideia
A vereadora Joana Bonita, da CDU, fala em ideia lamentável e inaceitável depois de um investimento pesado para os cofres da câmara que, oito anos depois, continua sem dar frutos. “É lamentável que queiram avançar com a construção de novas urbanizações naquele local, à semelhança do que está a acontecer na Póvoa de Santa Iria, para depois as casas se venderem a preços especulativos. A CDU não concorda com esta decisão”, criticou.
Também David Pato Ferreira, vereador da coligação Nova Geração (PSD/PPM/MPT), lamentou que depois do “concelho despensa e de servidores”, aludindo à logística e data centers que se estão a instalar no concelho, Vila Franca de Xira desperdice a oportunidade de usar os terrenos da Marinha para ali construir ensino superior ou uma plataforma de negócios como o Tagus Valley. “Só podemos ficar com as despensas e os servidores de Lisboa? Trabalho qualificado e empresas estratégicas não temos”, lamentou.
Já Bárbara Fernandes, vereadora do Chega, disse ter ficado estupefacta com a novidade. “Será que vêm aí mais processos urbanísticos perdidos nos tribunais? Seja transparente e assuma o que está aqui em cima da mesa”, pediu.