Associação de Meca quer construir novo edifício para reforçar apoio a idosos e deficientes

Associação de Apoio a Idosos e Jovens da Freguesia de Meca pretende construir um novo edifício para ampliar a sua capacidade de resposta a idosos e adultos com deficiência. O projecto, aprovado pela Câmara de Alenquer em 2020, aguarda licenciamento para avançar. O investimento, a rondar os 2,5 milhões de euros, será financiado maioritariamente por fundos públicos em candidatura a submeter.
A Associação de Apoio a Idosos e Jovens da Freguesia de Meca (AAIJFM) quer construir um novo edifício para receber as valências de estrutura residencial para pessoas idosas com capacidade para 29 residentes, lar residencial para pessoas adultas com deficiência, com capacidade para 27 residentes, e um novo centro de actividades para a capacitação e inclusão, com capacidade para 17 novos utentes. O projecto começou a ser desenhado em 2018 e mereceu aprovação em reunião da Câmara de Alenquer em 2020. No mesmo ano, a assembleia municipal reconheceu o interesse público da obra e foi apresentado o projecto de arquitectura junto da câmara e Segurança Social.
Em Julho de 2023, a Segurança Social deu parecer favorável ao projecto de licenciamento e a instituição ainda aguarda o licenciamento por parte do município. “Estamos pendentes da câmara para depois podermos candidatar a obra a financiamento, quando chegar o momento certo”, diz Pedro Vieira, tesoureiro da direcção da instituição. O custo estimado do projecto é entre 2,3 e 2,5 milhões de euros, esperando-se um financiamento de 70 a 80%, sendo o restante suportado pela instituição, se necessário com recurso a empréstimo bancário, e pela autarquia.
A associação nasceu em 1997 e em 2002 foi reconhecida como instituição particular de solidariedade social (IPSS). O edifício actual começou a ser construído em 2009 e abriu em 2012 com as valências de centro de dia, com capacidade para 50 utentes, e serviço de apoio domiciliário, servindo 30 utentes, ambas na área da terceira idade. Em 2013 a instituição passou a receber a valência de deficiência com o centro de actividades ocupacionais, actualmente centro de actividades para a capacitação e inclusão para 30 utentes.
Falta de vagas e crescimento das demências nos idosos
A AAIJFM apoia diariamente cerca de 100 famílias no apoio domiciliário e na instituição. De acordo com Sofia Guedes, directora técnica e psicóloga clínica, a maioria dos utentes tem boa retaguarda familiar, apesar de ainda se registarem casos de pessoas sem família.
O maior desafio no centro de actividades para a capacitação e inclusão é a falta de vagas, com uma lista de espera de 18 pessoas. Muitas acabam por não se inscrever porque são de fora do concelho de Alenquer e a instituição tem uma lista de prioridades. Na freguesia de Olhalvo, Alenquer, a Cerci Flor da Vida, de Azambuja, tem centro de actividades para a capacitação e inclusão com capacidade para 15 utentes.
“A maior dificuldade na área da deficiência é dar respostas imediatas. Temos aqui casos de utentes cujos pais já não têm idade para ser cuidadores, mas sim para serem cuidados, e recusam-se porque não querem deixar os filhos”, explica a directora técnica. No que diz respeito aos idosos que estão no centro de dia, o mais difícil é estes terem respostas em lar. As respostas no sector privado não são acessíveis às reformas baixas dos utentes e por isso a solução é manterem-se em Meca.
O crescimento das demências, em pessoas cada vez mais novas, é outros dos fenómenos transversais às IPSS. Na instituição existem ainda casos de pessoas com depressão e doença psiquiátrica. A associação tem 24 funcionários, incluindo a equipa técnica, assistente social, terapeutas ocupacionais, animadora sociocultural, fisioterapeuta e de 15 em 15 dias apoio médico.

Utentes sentem-se apoiados na instituição
Manuel Ribeiro é o utente mais velho da instituição e vai fazer 104 anos. Está numa sala com televisão acompanhado por outros idosos. Noutra sala, os utentes desenvolvem actividades em grupo, como Ermelinda Carvalho, de 72 anos. Os filhos aconselharam-na a ir para o centro de dia há um ano, porque vivia sozinha e já tinha tido dois cancros. “Desde que vim para aqui rejuvenesci. Perdi mobilidade, nem banho conseguia tomar em casa e tinha de ir para algum lado. Sou muito bem tratada e faço coisas que nem sabia que era capaz, como as fardas de Carnaval”, conta.
Numa mesa ao lado, Maria de Fátima, 67 anos, relata que tem uma limitação motora, sofreu um AVC com 34 anos e há uns anos teve um enfarte de miocárdio. Vive em más condições e tem tendência para depressões. “Era anti-social e estou com este grupo maravilhoso há dois anos, faço artes plásticas. Tratam-me bem desde o momento em que entro na carrinha até ao momento que entro em casa. Somos bem recebidos e mesmo quando temos as nossas birras, aturam-nos”, diz.