Benavente quer ajuste na localização do aeroporto para proteger populações

O presidente da Câmara de Benavente e o representante da associação da Mata do Duque II defendem o desvio das pistas do futuro aeroporto no concelho, para minimizar impactos sobre populações. A proposta pretende evitar os efeitos do ruído e da poluição atmosférica resultantes do tráfego aéreo projectado para a região.
O presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho (CDU), e o presidente da associação da Mata do Duque II, Jorge Barreira de Sousa, manifestaram preocupação com a localização das pistas do futuro aeroporto em terrenos do campo de tiro da Força Aérea, no concelho de Benavente, e defendem um desvio de quatro quilómetros para poente, de forma a reduzir o impacto sobre populações e ecossistemas locais. Salientam que esta alteração poderia minimizar os impactos negativos na qualidade de vida das comunidades mais próximas e contribuir para uma solução mais equilibrada entre o desenvolvimento da infraestrutura e a protecção ambiental e social.
Em declarações proferidas na mais recente sessão da Assembleia Municipal de Benavente, Jorge Barreira de Sousa sublinha que a localização actualmente definida irá afectar de forma significativa as populações de Santo Estêvão e das herdades a sul, expondo os moradores ao ruído constante dos aviões e às partículas libertadas pelo combustível das aeronaves. “Venho aqui para vos sensibilizar e pedir que usem o vosso poder político para resolver um assunto que terá grande impacto na vida da comunidade”, apelou. Segundo o dirigente, ao deslocar as pistas quatro quilómetros para poente, estas ficariam alinhadas sobre a várzea, uma área onde não existem habitações significativas, reduzindo assim o impacto sobre a população.
Carlos Coutinho recordou que a localização original das pistas tinha sido definida em 2008 pelo Conselho de Ministros e que a câmara chegou a apresentar uma acção no Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria em 2010, contestando a alteração do traçado inicial em 1,7 quilómetros no sentido de Santo Estêvão. A solução proposta pelo município deslocaliza as pistas para poente, em cerca de quatro quilómetros, um detalhe que seria suficiente para evitar o sobrevoo das aeronaves no processo de descolagem e aterragem sobre a freguesia e as zonas da Herdade do Zambujeiro e Mata do Duque.
Em traços gerais esta mudança, indo ao encontro da decisão original tomada pelo Conselho de Ministros com base no trabalho desenvolvido há mais de década e meia pelo LNEC, afastaria o aeroporto, ficando o mesmo situado a cerca de 17 quilómetros da zona habitacional mais próxima e 12 quilómetros para sul, o que permitiria reduzir significativamente o impacto nas populações.
Município pede reunião urgente ao Governo
Em Junho de 2024 o ministro das Infraestruturas informou o município que iria ser convidado a participar no processo de decisão, quer da localização do aeroporto, quer do traçado da linha de alta velocidade ferroviária e, ainda, na definição da terceira travessia do Tejo. “Até à data ainda não fomos chamados a fazer essa participação”, revela o presidente da Câmara de Benavente, por isso, foi solicitada uma reunião com carácter de urgência para abordar esta questão.
Carlos Coutinho frisa que, embora reconheça a importância estratégica do novo aeroporto para o país, é fundamental garantir que a sua implantação não crie impactos negativos para as populações mais próximas desta infraestrutura. O novo aeroporto, que se chamará Luís de Camões e poderá estar concluído em 2037, vai contar com uma capacidade inicial prevista de 45 milhões de passageiros, abrangendo uma área de quase 2.500 hectares no Campo de Tiro situado no concelho de Benavente e na freguesia de Samora Correia.