Tuna Feminina Scalabitana celebra música e amizade entre mulheres

Tuna Feminina Scalabitana nasceu a 18 de Dezembro de 2000 e 25 anos depois continua a ser um exemplo de companheirismo e boa-disposição entre mulheres. O MIRANTE conversou com as tunantes do Instituto Politécnico de Santarém a propósito do Dia Internacional da mulher.
A Tuna Feminina Scalabitana foi criada na Escola Superior de Educação de Santarém em 2000. Anos mais tarde, passou a abranger alunas de todas as escolas do Instituto Politécnico de Santarém, contando actualmente com cerca de duas dezenas de tunantes. Maria Isabel Santos tem 41 anos e está na tuna desde 2003, altura em que estudava na Escola Superior de Educação. Natural de Leiria, foi para Santarém para estudar e ainda cá está está na cidade a trabalhar como animadora socio-cultural. “No trabalho lido com muitas demências, muitas questões psiquiátricas e a música é o escape para desanuviar dos problemas do dia-a-dia”, afirma Isabel Santos a O MIRANTE. Isabel Santos começou os estudos superiores na época pré-Bolonha, quando as licenciaturas se tiravam em cinco anos e diz que o associativismo académico nessa altura era mais dinâmico.
Beatriz Neto tem 22 anos e é a actual responsável da tuna. Estuda Educação Ambiental e Turismo da Natureza na Escola Superior de Educação e é tunante há quatro anos. Começou a ter aulas de música aos seis anos e explica que para pertencer a uma tuna não é preciso ter dotes musicais nem vocais fora do comum, sublinhando que muitas pessoas aprendem o ofício depois de ingressarem no grupo. Para Beatriz Neto a tuna é o sítio ideal para estabelecer amizades e adquirir mais conhecimentos.
Maria Henriques, 24 anos, está no mestrado de Engenharia Agronómica na Escola Superior Agrária de Santarém e pertence a duas tunas: a Tuna Académica da Escola Agrária de Santarém e a Tuna Feminina Scalabitana. Para Maria Henriques as dinâmicas musicais são muito diferentes na tuna mista e na tuna feminina. Na Tuna Feminina Scalabitana, Maria Henriques salta com pandeiretas e faz estandartes. “As mulheres são mais unidas quando trabalham umas com as outras e não há homens à mistura”, partilha Maria Henriques, com um sorriso.
Um percurso com muitos prémios
Ao longo dos 25 anos de existência, a Tuna Feminina Scalabitana já correu o país em festivais de tunas e serenatas, e venceu várias vezes prémios de melhor solista, melhores frentes de palco, melhor instrumental, “Tuna mais tuna”, melhor adaptação e melhor original. “História”, “Lágrima” e “Memórias” são as músicas originais do grupo. A última fala sobre as vivências dos estudantes universitários em Santarém e a sua relação com a cidade. Para conseguirem assegurar meios para se deslocarem para os festivais organizam angariações de fundos, como arruadas ou venda de rifas. A imagem das tunas fora do meio académico tem vindo a mudar, pelo menos é essa a opinião de Isabel Santos. “As tunas deixaram de ser vistas como pessoal que só bebe copos. O nosso trabalho de performance musical agora é mais valorizado”, vinca.
O Scalabis – Festival de Tunas Femininas na cidade de Santarém foi criado pela TUFES e conta com oito edições desde 2002. A última edição foi realizada em 2020, uma semana antes do início da pandemia. Nunca mais voltou a ser realizado, mas as tunantes ambicionam voltar à rotina habitual em breve.