Sociedade | 20-03-2025 10:00

“Quero ver quem te vai amar assim horrorosa”. Vítima de violência doméstica pede justiça

“Quero ver quem te vai amar assim horrorosa”. Vítima de violência doméstica pede justiça
Filipa Rodrigues diz que o arguido lhe tirou esta fotografia depois de lhe rapar o cabelo

Filipa Rodrigues foi vítima de violação e de outras agressões físicas e psicológicas por parte do ex-companheiro. O julgamento arrancou à porta fechada no Tribunal de Santarém e a cabeleireira de Tomar pede justiça.

Arrancou no Tribunal de Santarém, na manhã de quarta-feira, 12 de Março, o julgamento do homem acusado de ter violado, mutilado e agredido física e psicologicamente a sua companheira à época, Filipa Rodrigues. O caso remonta a Março de 2024, estando o arguido acusado de um crime de violação agravada, um crime de sequestro, na forma agravada, um crime de violência doméstica, um crime de ofensa à integridade física (grave) qualificada, na forma tentada, um crime de acesso ilegítimo, um crime de gravações e fotografias ilícitas, um crime de detenção de arma proibida. E, ainda, um crime de violência doméstica contra a filha dos dois. A primeira sessão do julgamento decorreu à porta fechada.
Segundo a acusação a que O MIRANTE teve acesso, o Ministério Público (MP) acredita que o arguido “agiu consciente e voluntariamente (...) com intenção expressa de molestar a saúde e o corpo da ofendida e de lhe provocar as dores e lesões verificadas, o que quis e concretizou (...) prejudicando o seu bem-estar e ofendendo-a na sua dignidade”.
Filipa Rodrigues veio através da sua página nas redes sociais pedir que “se faça justiça”, lembrando, com a publicação da fotografia que o arguido lhe tirou depois de lhe rapar o cabelo, as palavras que este lhe disse: “quero ver quem te vai amar assim horrorosa”. “Foi esta a frase que me disse quando me tirou esta foto com o meu telemóvel, para eu poder guardar como recordação. Depois disto, não estando satisfeito com tudo o que já tinha feito, foi buscar a tesoura da poda, obrigou-me a ajoelhar-me e deu-me a hipótese de escolher os dois dedos que eu queria que ele me cortasse”, recorda a cabeleireira de Tomar.
O arguido, ao qual foi aplicada a medida de coacção de prisão preventiva, recorde-se, solicitou que seja avaliada a sua eventual inimputabilidade alegando que “padece de doença psiquiátrica e que, no final de 2022 e em 2023, esteve de baixa médica durante cerca de um ano, por doença do foro psiquiátrico”, lê-se em despacho do MP.

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