Samora Correia tem as condições ideais para receber grandes competições caninas

Taça de Portugal IGP, do Clube Português de Canicultura, decorreu na Companhia das Lezírias e coroou campeão nacional que vai disputar o campeonato do mundo em Bilbau. Adeptos do desporto assumem “pouca cultura canina” em Portugal, mas o crescimento da modalidade pode mudar essa realidade.
A Companhia das Lezírias, no Porto Alto, foi o local escolhido para a realização da Taça de Portugal IGP, do Clube Português de Canicultura. O evento atraiu vários visitantes e entusiastas do mundo canino que, apesar do mau tempo, assistiram às várias disciplinas da prova, como Pistagem, Obediência e Defesa. A competição contou com 17 participantes oriundos de várias regiões de Portugal e Espanha. Os treinadores e os seus animais tiveram a oportunidade de se deslocar para as instalações da Companhia das Lezírias três dias antes do começo das provas para realizarem treinos livres e a facilitar a adaptação dos cães ao terreno.
Hugo Oliveira e o seu pastor alemão Idun de Parayas sagraram-se campeões nacionais nesta prova e garantiram ainda o apuramento para o Campeonato do Mundo de IGP, que se realiza em Bilbau. Hugo Oliveira trabalha como jardineiro no município de Barcelos, faz do treino de cães um passatempo movido pela paixão e curiosidade que se despertou desde cedo, dado o contacto que sempre teve com os animais. Ao contrário de outros participantes, Hugo Oliveira ingressa em competições apenas com os seus próprios cães, com os quais define também uma rotina de treino no seu dia-a-dia. “Por vezes faço 100 quilómetros num dia para ir treinar a uma pista específica ou realizo treinos com pessoas das forças policiais”, explica a O MIRANTE.
Para lá do campeão nacional, outros cinco atletas selaram o apuramento para o Campeonato do Mundo. Sara Alves, membro da comissão organizadora, considera que a Companhia das Lezírias foi uma escolha acertada para a realização da prova, dadas as infraestruturas mas também pela região e a sua proximidade a vários alojamentos, restaurantes e instalações para caravanas. “Em termos de instalações não podíamos ter escolhido melhor”, afirma Maria João Mela, coordenadora geral da quarta comissão do Clube Português de Canicultura. A dirigente assume que a realização da competição em solo ribatejano representa o desejo da sua direcção em descentralizar a modalidade da zona norte do país e procurar público por outras regiões.
O evento atraiu uma forte comunidade de interessados pelo mundo canino, que compuseram a maioria do público presente. “Existe uma falta de cultura canina em Portugal”, admite Virgílio Ramos, de 58 anos, entusiasta da modalidade que trabalha no ramo dos cães há mais de três décadas, tendo a sua própria empresa que funciona como escola de treino e fonte de aconselhamento comportamental dos animais. O empresário admite que uma certa “humanização” dos cães leva os cidadãos a adquirirem certas raças de grande porte sem considerar todos os seus encargos e responsabilidades, algo que provém da falta de cultura canina em Portugal. “As pessoas deviam informar-se mais sobre os comportamentos e dar mais importância à educação do animal desde cedo, pois são aspectos que têm de ser moldados desde o primeiro momento”, vinca.
