Estalou o verniz entre o presidente da ULS Médio Tejo e o autarca de Assentiz

Declarações públicas de autarca de Assentiz não agradaram ao presidente da Unidade Local de Saúde do Médio Tejo, que as refuta. Em causa a falta de médico na freguesia. Casimiro Ramos acusa o presidente da Junta de Assentiz de não ter sugerido medidas para melhorar os cuidados de saúde na sua freguesia. Autarca contesta.
Há muito que o presidente da Junta de Freguesia de Assentiz, Leonel Santos, vem intervindo em reuniões de câmara e em sessões da assembleia municipal para alertar para o problema da falta de médico de família nos postos de saúde daquela freguesia do concelho de Torres Novas. Protestos e declarações que caíram mal na Unidade Local de Saúde (ULS) do Médio Tejo, e em particular ao presidente do Conselho de Administração, Casimiro Ramos, que decidiu enviar um ofício à Câmara de Torres Novas a refutar as afirmações do autarca.
O ofício foi lido pelo presidente do município na reunião do executivo de 12 de Março, para que ficasse em acta, como solicitado por Casimiro Ramos, começa por corrigir que o pedido de reunião de Leonel Santos à ULS tem data de 8 de Outubro de 2024, não tendo, por isso, sido feito há um ano como o autarca afirmou.
Justificando que a ausência de médico de família nos postos de saúde da freguesia de Assentiz deve-se ao facto de a profissional de saúde afecta se encontrar de baixa médica prolongada, Casimiro Ramos sublinha que a ULS do Médio Tejo “tomou medidas para minimizar o impacto da ausência da médica titular”, nomeadamente através da deslocação de uma médica para Assentiz, um dia por semana.
Casimiro Ramos salienta no ofício os “desafios na contratação e retenção de profissionais de saúde”, sendo por isso importante criar condições que incentivem a sua fixação, quer da parte da ULS, quer das autarquias. Refere ainda que foi dito ao presidente da Junta de Assentiz que “qualquer forma de desvalorização pública dos profissionais pode comprometer a sua permanência na freguesia dificultando ainda mais a continuidade dos serviços médicos prestados”.
Numa das sessões camarárias em que interveio sobre o tema, Leonel Santos mencionou que Casimiro Ramos lhe tinha dito para não fazer “ruído” sobre a falta de médicos em Assentiz. “O ruído acontece porque as pessoas não têm médico e vão para lá às cinco da manhã, que já foi o meu caso, à espera de uma consulta e vão-se embora”, disse o autarca na última sessão camarária depois de ter tido conhecimento, minutos antes, do ofício que iria ser lido pelo presidente da câmara, Pedro Ferreira. Sobre a nova medida da ULS, para mitigar a falta de médico naquela freguesia, a teleconsulta (ver caixa), o autarca deu a entender que não está a ser devidamente divulgada.
Presidente da ULS diz que autarca não apresentou sugestões
O ofício refere ainda que “foi solicitado ao presidente da junta que contribuísse com sugestões para melhorar a resposta aos utentes”, mas que nenhuma proposta foi apresentada. “Poderiam ter sido sugeridas medidas como a apoio na deslocação dos profissionais de saúde, auxílio na sua integração na comunidade ou recurso ao modelo de contratação em regime de Bata Branca”, exemplificou Casimiro Ramos.
Leonel Santos contrapôs que a junta de freguesia chegou a pagar o transporte a uma médica e funcionária para irem de Torres Novas a Casais de Igreja, de táxi. Acrescentou que quando a médica contratada através do Bata Branca deu sinais de que ia abandonar o projecto, porque ia para o Entroncamento “ganhar mais”, disponibilizou-se juntamente com outros elementos da junta para abdicar do “abono” que recebem para o darem à médica e, dessa forma, a tentarem manter na freguesia. Além disso, referiu, a Junta de Assentiz tem comprado equipamentos para os postos de saúde.
O vereador do PSD, Tiago Ferreira, quis deixar um “obrigado” ao presidente da Junta de Assentiz pelo “seu trabalho na luta e defesa das populações”. O presidente do município concluiu dizendo que não põe em causa o “bom trabalho desenvolvido pelo presidente Leonel”, destacando que a Câmara de Torres Novas tem colaborado para a melhoria do acesso aos cuidados de saúde, nomeadamente através do pagamento de uma parte do vencimento aos médicos contratados no âmbito do projecto Bata Branca.
Telemedicina em Assentiz para mitigar falta de médico
A Unidade Local de Saúde (ULS) do Médio Tejo expandiu o seu projecto de telemedicina nos cuidados de saúde primários à freguesia de Assentiz, no concelho de Torres Novas, para “minimizar” a falta de médico. “Esta é uma solução que pretende minimizar, no curto prazo, as consequências da situação imprevista de baixa médica prolongada da médica que ali prestava serviços à população”, informou a ULS em comunicado, referindo que a medida é provisória e que se “manterá até à colocação de um médico especialista na extensão de Assentiz”.
As teleconsultas vão ser disponibilizadas semanalmente, às quintas-feiras, das 14h00 às 18h00, na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Torres Novas – Pólo de Assentiz. “Este serviço, realizado com o médico em acesso remoto, através de videoconferência, pretende aumentar o acesso a consultas médicas nesta freguesia, especialmente junto dos utentes sem médico de família atribuído”, indicou a ULS.