Utentes mantêm protestos e exigem reabertura da urgência pediátrica de Vila Franca de Xira

Utentes e autarcas dos concelhos servidos pelo Hospital Vila Franca de Xira manifestaram-se contra o encerramento nocturno e ao fim-de-semana das urgências pediátricas, considerando que a medida compromete a segurança das crianças e sobrecarrega os hospitais centrais de Lisboa.
Não foi muito expressiva a manifestação convocada nas redes sociais, mas dezenas de utentes do Hospital Vila Franca de Xira protestaram no sábado, 15 de Março, contra o encerramento da urgência pediátrica no período nocturno e aos fins-de-semana, exigindo a reversão da medida. A urgência pediátrica do hospital, que serve também os municípios de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja e Benavente, passou a encerrar entre as 20h00 e as 09h00 e durante os fins-de-semana, devido à falta de médicos E no âmbito de um projecto-piloto de reorganização dos serviços de urgência pediátrica a nível nacional.
Pedro Leal, um dos promotores da manifestação, explica que a decisão afecta cerca de 250 mil pessoas e motivou uma petição pública online, que reunia, no dia 17 de Março, mais de 6.300 assinaturas. Em declarações a O MIRANTE, lembra que o hospital foi criado com uma urgência pediátrica para servir esses cinco concelhos. “Esta população continua cá, as crianças continuam a precisar deste serviço e, portanto, não está a ser fechado por falta de necessidade, mas por falta de capacidade para fornecer os meios para dar essa resposta”, realça.
Sónia Freixo, de Samora Correia, foi outra das promotoras do protesto e de uma carta reivindicativa entregue à administração do Hospital Vila Franca de Xira e aos jornalistas. “Está criada uma enorme preocupação em todos os pais. Falamos de pessoas que vêm pelos próprios meios, muitos delas com dificuldades, que nem sequer têm transporte próprio e que estão a cerca de 50 ou 70 quilómetros da unidade hospitalar alternativa, que é o Hospital da Estefânia ou, eventualmente, o Hospital de Loures”, frisa.
O movimento de cidadãos estipulou um prazo de duas semanas para que as autoridades dêem resposta às exigências apresentadas. Caso contrário, os organizadores garantem que manterão a luta até que a situação seja revertida, estando já marcada nova manifestação para 22 de Março, pelas 10h00, no Largo da Estação, em Vila Franca de Xira.
O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira (PS), juntou-se ao protesto e considera a medida “incompreensível e inaceitável”. Diz não compreender que o Governo queira fechar as urgências pediátricas à noite e ao fim-de-semana, como se nesses períodos não houvesse emergências. “Esta decisão surpreendeu completamente todos os presidentes de câmara da área de influência do hospital, tomámos logo posição e achamos que não é possível seguir este caminho”, sublinha.
O autarca de VFX acrescenta que esta solução temporária não agrada e alguma coisa tem que mudar. “Aquilo que pretendemos é que continue a haver urgência de pediatria em Vila Franca”, reforçou Silvino Lúcio (PS), presidente da Câmara de Azambuja, que também esteve na manifestação.
Encerramento temporário vai ser revertido “em breve”
Sérgio Medina, director clínico para a área dos Cuidados de Saúde Primários na ULS do Estuário do Tejo, explicou que a decisão se insere numa reorganização das urgências pediátricas que está a ser implementada em algumas unidades hospitalares do país. “A urgência pediátrica da Unidade Local de Saúde (ULS) do Estuário do Tejo voltará a funcionar 24 horas por dia, a breve prazo, quando estiver concluída a reorganização temporária”, garante o médico, sublinhando que, para mitigar o impacto da medida, entrou em funcionamento no sábado o Centro de Atendimento Juvenil e Infantil de Vila Franca de Xira, para atender urgências não urgentes.
A falta de médicos, alguns dos quais em licença de maternidade, levou ao encerramento parcial das urgências pediátricas em Vila Franca de Xira onde apenas estão ao serviço sete pediatras para uma população de 250 mil utentes.