Moradores do Porto Alto preocupados com praga de baratas

As baratas em várias zonas urbanas do Porto Alto e de Samora Correia continuam a ser um problema para os moradores. Apesar das acções de desinfestação, este amigo indesejável mantém-se e tem levado a pedidos de uma intervenção mais eficaz.
Alguns moradores do Porto Alto e de Samora Correia, no concelho de Benavente, continuam a denunciar a existência do que consideram ser um problema de saúde pública devido à presença de baratas em várias zonas urbanas, alertando para a necessidade de uma intervenção mais eficaz das entidades responsáveis. Residente há quatro anos no Porto Alto, Flávio Silva integra a administração do condomínio onde vive, mas sublinha que a sua preocupação vai além da área onde vive e se estende a toda a localidade e a Samora Correia, onde diz ouvir relatos semelhantes por parte de amigos e vizinhos. “Há um problema grave de saúde pública por um deficiente controlo de pragas. Não sou especialista, mas percebi em conversa com profissionais que temos uma barata - conhecida como barata americana - que pode atingir 10 centímetros e se esconde nos colectores. Aparece sobretudo em dias de muito calor”, relata.
O morador, que se queixou da situação em sessão camarária, afirma que este ano já encontrou baratas na garagem do prédio e que, nos meses mais quentes, o problema se agrava significativamente. Quando chega o calor, segundo refere, vêem-se às dezenas e centenas e é isso que o apoquenta. Admite que sabendo deste problema de antemão talvez não se tivesse mudado para o concelho onde tem gosto em morar. Flávio Silva destaca que esta é uma preocupação comum entre os moradores, sendo um dos problemas mais referidos pelos vizinhos. Apesar das várias intervenções de desinfestação realizadas no condomínio, o problema persiste. As acções, como explica, atenuam o problema, mas não o eliminam definitivamente. O morador, que trabalha como assessor de comunicação no município de Alenquer, acredita que erradicar as baratas totalmente pode ser difícil, mas gostaria de encontrar uma solução mais eficaz. Recorda que, no último trimestre de 2024, contactou a Câmara Municipal de Benavente e recebeu uma resposta pronta, tendo sido proposta uma intervenção conjunta que acabou por ser realizada. A intervenção correu bem, mas apenas mitigou o problema e não o resolveu na origem, que é isso que Flávio Silva e outros moradores pretendem. Segundo os profissionais da área da desinfestação com quem falou, a solução definitiva para o problema exige uma acção coordenada da câmara municipal e da empresa Águas do Ribatejo, responsável pelo saneamento na região. “Vivi num município vizinho durante mais de 30 anos e, felizmente, nunca me apareceu nenhuma barata em casa. Desde há quatro anos, são um amigo completamente indesejado”, lamenta, questionando a autarquia sobre que medidas estruturais podem ser implementadas para resolver a questão.
Autarca de Benavente admite dificuldades no combate
O presidente da Câmara Municipal de Benavente, Carlos Coutinho, reconhece que a praga de baratas que afecta várias zonas do concelho tem vindo a agravar-se nos últimos anos e admite dificuldades na sua erradicação, apontando as restrições ambientais impostas à utilização de produtos químicos como uma das principais limitações. “Há uns 10 anos fazíamos cerca de duas intervenções por ano, de forma pontual, e a situação ficava controlada. Entretanto, com as regras da União Europeia e as restrições nos princípios activos dos produtos utilizados, o controlo tornou-se mais difícil”, afirma Carlos Coutinho, sublinhando que a autarquia tem intensificado as acções de combate à praga.
Carlos Coutinho explica que, actualmente, são feitas entre quatro a cinco aplicações anuais nas caixas de visita e colectores do município, em articulação com a empresa Águas do Ribatejo, responsável pelo saneamento básico. O processo inclui a abertura de cerca de cinco mil tampas para a aplicação de produtos específicos, tanto nos colectores de saneamento das águas residuais domésticas como nos colectores das águas residuais pluviais, da responsabilidade da câmara municipal. Apesar dos esforços, o presidente da autarquia reconhece que eliminar a praga tem sido um desafio. Antigamente era feita a fumigação nos colectores e ramais para que o produto se espalhasse ao longo das condutas, mas essa prática já não é permitida. Agora, aplica-se o produto directamente nas caixas de visita, o que tem efeito, mas não é suficiente para erradicar o problema. O autarca destacou ainda que, além das intervenções programadas, o município responde a alertas da população, deslocando equipas aos locais assinalados pelos moradores para reforçar a aplicação de medidas de controlo. Carlos Coutinho assegura que a câmara municipal está empenhada na procura de soluções, mas admite que, devido às restrições ambientais e à resistência das baratas, o problema tem vindo a agravar-se.