Antiga casa do relojoeiro é imagem de degradação no centro histórico de Santarém

Imóvel contíguo à Torre das Cabaças foi vendido pela Câmara de Santarém em hasta pública há alguns anos e continua ao abandono e em ruína. Proprietário tem projecto para reabilitar o edifício.
O recentemente reaberto Núcleo Museológico do Tempo, instalado na Torre das Cabaças, no centro histórico de Santarém, esteve previsto ser alargado ao edifício contíguo, conhecido como casa do relojoeiro, mas a intenção gorou-se. Esse imóvel foi vendido há uns anos pelo município a um particular e actualmente constitui uma imagem de degradação que contrasta negativamente com os monumentos nacionais vizinhos, recentemente reabilitados. O imóvel foi vendido na década passada, em hasta pública, a um particular pelo município, por um valor a rondar os 52 mil euros e tem continuado ao abandono e em ruína acelerada.
Contactado por O MIRANTE, o vereador com os pelouros do património e do centro histórico, Nuno Domingos (PS), informou que os proprietários deram entrada com um processo de obras para requalificar o edifício para uso habitacional, que mereceu parecer desfavorável do instituto público. Entretanto, o município já notificou o proprietário para alterar a proposta em conformidade com as questões colocadas, a fim de o voltar a submeter a parecer dessa entidade.
Nuno Domingos recorda que no contexto do Projecto Sanveral, que permitiu reabilitar a Torre das Cabaças no final da década de 90, o município conseguiu a aquisição da casa do relojoeiro, para ali instalar a colecção de relógios, funcionando assim como prolongamento do Museu do Tempo, instalado na Torre e agora reaberto. Posteriormente, a Câmara de Santarém entendeu vender o edifício em hasta pública. A presente musealização da torre teve em conta esta alteração e incluiu a exposição de relógios da colecção municipal, acrescenta o vereador.
No início de 2020, O MIRANTE noticiava que a venda da chamada casa do relojoeiro pelo município tinha sido alvo de críticas por parte do movimento Mais Santarém, apesar de ter sido aprovada por unanimidade em assembleia municipal, onde o mesmo movimento tinha dois eleitos integrados na bancada do PS. No comunicado intitulado “triste futuro para o Museu do Tempo”, o Mais Santarém afirmava que a venda do pequeno edifício em ruínas, “a troco de uns parcos 52 mil euros”, hipotecou em definitivo a hipótese de construção da segunda fase do museu.
O presidente da Câmara de Santarém à época, Ricardo Gonçalves (PSD), lembrava que o projecto para aquele imóvel tinha sido chumbado pela Direcção-Geral do Património. O imóvel contíguo à Torre das Cabaças tinha sido adquirido pelo município na perspectiva de vir a ser concretizada a segunda fase do Núcleo Museológico do Tempo, mas Ricardo Gonçalves disse que, por duas vezes, o projecto foi chumbado pelo então IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico), que antecedeu a Direcção-Geral do Património Cultural.