Novos focos de poluição na ribeira junto à Fabrióleo e a denúncia falsa às autoridades
Ribeira da Boa Água voltou a apresentar sinais de poluição de coloração avermelhada, similar à registada em Vendas Novas onde labora uma fábrica de óleos que está na mira das autoridades. Movimento Basta vai apresentar queixa ao Ministério Público por causa de email falso, criado em nome de um dos seus activistas, para “desviar atenções” ao culpar outra empresa.
A ribeira da Boa Água, junto à Fabrióleo, antiga fábrica de óleos vegetais situada em Carreiro da Areia, concelho de Torres Novas, foi alvo de novas descargas poluentes, durante a madrugada em pelo menos três dias distintos, a última a 26 de Março. Quem mora próximo do local garante ter visto camiões-cisterna parados junto à Estação de Tratamento de Águas Residuais Industriais (ETARI) da ex-Fabrióleo, suspeitos de serem os responsáveis pelas descargas de uma matéria com coloração avermelhada na ribeira.
A situação foi denunciada ao Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR pelo movimento Basta, que compara o sucedido às descargas poluentes também de coloração avermelhada registadas recentemente em Vendas Novas, onde se sabe que está a decorrer uma megaoperação à Extraoils, devido à suspeita de más práticas e irregularidades contra o ambiente. Esta empresa de óleos vegetais abriu em 2020 pelas mãos da mesma família que detinha a Fabrióleo e que, segundo o Basta, voltou a comprar os terrenos onde esteve instalada a antiga fábrica assim como os depósitos verticais que lá estavam.
“Essa família sempre disse que se queria vingar de Torres Novas por causa do fecho da fábrica”, diz a O MIRANTE um dos responsáveis pelo movimento ambientalista que tem travado uma luta de anos contra a poluição na ribeira da Boa Água. A Fabrióleo, recorde-se, teve ordem de encerramento decretada em 2018 pelo IAPMEI - Agência para a Competitividade e Inovação, depois de muitas denúncias de episódios de poluição.
Denúncia falsa para despistar as autoridades
Após os mais recentes focos de poluição na ribeira da Boa Água, o movimento Basta teve conhecimento de um email que foi enviado, entre outros organismos públicos, para a Procuradoria Geral da República e para o director da Polícia Judiciária, a denunciar uma outra empresa do concelho de Torres Novas como sendo a responsável pelos atentados ambientais. O mesmo email, refere o movimento, envolve ainda os serviços do Urbanismo da Câmara de Torres Novas, executivo municipal e uma representante do Ministério Público que é casada com um funcionário daquela autarquia. “Isso obriga a que seja feita uma investigação, o que vai desviar atenções do que realmente interessa”, refere o ambientalista.
O email foi criado com o nome de um conhecido elemento do Basta, numa tentativa, acredita, “de lhe dar alguma credibilidade”, já que vai assinado por um ambientalista que se tem dedicado a denunciar episódios de poluição naquele concelho. “Foi utilizado um nome abusivamente e, por isso, vamos fazer queixa ao Ministério Público. Trata-se de um crime”, refere ao nosso jornal.
Remoção de resíduos continua por concluir
A Câmara de Torres Novas, recorde-se, assumiu a responsabilidade de acompanhar e adjudicar os trabalhos de remoção, recolha, transporte e tratamento de resíduos perigosos deixados na Fabrióleo, num protocolo estabelecido com a Agência Portuguesa do Ambiente. No entanto, a verba de 745 mil euros disponibilizada pelo Fundo Ambiental, esgotou sem que os trabalhos tenham ficado concluídos. O município tem insistido numa reunião com a APA para conseguir mais verba, de montante semelhante, para concluir os trabalhos.