Eleito na Assembleia de Abrantes, Paulo Lourenço é um dos visados na investigação Mais-Valia

O eleito pelo Partido Socialista na Assembleia Municipal de Abrantes, Paulo Lourenço, é um dos arguidos na operação que envolve a venda da antiga sede da Federação Portuguesa de Futebol. É natural de Abrantes e tem escritório no parque Tagusvalley. Outro dos arguidos é António Gameiro, político e jurista de Ourém, ex-deputado e antigo líder distrital do PS.
Paulo Lourenço, advogado de 64 anos e eleito pelo Partido Socialista na Assembleia Municipal de Abrantes, é um dos arguidos na operação Mais-Valia, depois de a Polícia Judiciária (PJ) ter efectuado buscas em vários locais, entre eles a sede da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), por suspeitas dos crimes de recebimento indevido de vantagem, corrupção, participação económica em negócio e fraude fiscal. Em causa está o negócio da venda do edifício da antiga sede da FPF, em 2018, quando trabalhava para esse organismo.
Natural de Abrantes, o advogado é sócio no escritório QRLC & Associados, instalado no parque de ciência e tecnologia daquele concelho, o Tagusvalley, estrutura de gestão municipal. Depois de se licenciar em Direito, em Lisboa, Paulo Lourenço trabalhou como técnico jurista da Direcção-Geral dos Impostos e como assessor do gabinete do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, no Governo de António Guterres.
A entrada de Paulo Lourenço no mundo do futebol dá-se no início deste século, tendo sido um dos responsáveis pela organização do Euro 2004. Depois disso foi assessor jurídico e secretário-geral da FPF entre 2012 e 2018. Recorde-se que, além de Paulo Lourenço, também António Gameiro, ex-deputado do PS eleito cinco vezes por Santarém e ex-líder distrital dos socialistas, foi constituído arguido na mesma operação que investiga o negócio imobiliário, tal como O MIRANTE tinha noticiado na edição anterior.
Nega ter tido benefício
com a venda da antiga sede
O ex-secretário-geral da FPF nega ter obtido qualquer benefício fiscal com a venda da antiga sede daquele organismo em Lisboa. “É para mim inaceitável ver o meu nome envolvido num processo ao qual sou alheio. Não tive influência na decisão de venda do imóvel, não tive influência na escolha da proposta vencedora e não obtive qualquer benefício, directo ou indirecto, com este negócio. Nego frontal e absolutamente ter recebido fosse o que fosse com este negócio. Qualquer sugestão em sentido contrário é falsa e profundamente injusta”, garantiu Paulo Lourenço, em comunicado.
O antigo dirigente garantiu ainda não ter “nada a esconder” e revelo que colaborou “desde o primeiro momento com as autoridades”, dizendo não poder aceitar que a sua “honra e reputação sejam postas em causa por suspeitas infundadas”.
As buscas, recorde-se, estão relacionadas com a venda da antiga sede da FPF, na Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, em 2018, por mais de 11 milhões de euros. Na altura, o presidente da FPT era Fernando Gomes, que segundo o director nacional da PJ não é visado na investigação. Segundo a Polícia Judiciária, durante a investigação “foram identificadas um conjunto de situações passíveis de integrarem condutas ilícitas relacionadas, sobretudo, com a intermediação da venda” do edifício em questão. Foram cumpridos pelo menos 20 mandados de busca em casas, uma instituição bancária e sociedades de advogados localizados nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém.