Proposta da Zero reduz impacto da Linha de Alta Velocidade em Vila Franca de Xira e Alhandra

A organização ambientalista Zero propõe um traçado alternativo para a Linha de Alta Velocidade entre Porto e Lisboa, reduzindo o impacto em Vila Franca de Xira e Alhandra. A solução passa por criar um corredor paralelo à actual Linha do Oeste, minimizando o ruído, a vibração e a pressão sobre as populações. A alternativa também descongestionaria a Linha do Norte, defende a associação.
A associação ambientalista Zero pede uma alternativa mais sustentável em relação ao último troço da Linha de Alta Velocidade (LAV) entre o Porto e Lisboa, correspondente à ligação entre Soure e Carregado. A associação defende um traçado paralelo à actual Linha do Oeste entre Soure e Torres Vedras e, a partir daí, a partilha do mesmo corredor da nova linha suburbana prevista no Plano Ferroviário Nacional (PFN) até à nova estação de Chelas, em Lisboa.
O troço Soure–Carregado, que contempla uma estação em Leiria, atravessa os concelhos de Rio Maior, Azambuja, Alenquer, Cadaval, Caldas da Rainha, Alcobaça, Porto de Mós, Leiria, Marinha Grande e Pombal. A consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental do troço Soure -Carregado terminou no dia 21 de Março com 920 contributos.
Segundo a Zero, a alternativa que propõe reduz a pressão sobre as populações de Alhandra e Vila Franca de Xira, que contestam o projecto de modernização da Linha do Norte. Esta opção permitiria a ligação ao Barreiro e ao novo aeroporto através da nova travessia ferroviária sobre o Tejo, evitando também o atravessamento ou a proximidade ao Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e à Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo. Esta solução também contribuiria para descongestionar a Linha do Norte entre Castanheira do Ribatejo e Lisboa-Oriente, “uma das zonas mais saturadas da rede ferroviária nacional”.
A Zero defende que, apesar do ligeiro aumento no tempo de viagem entre Porto e Lisboa (4 a 6 minutos), os benefícios ambientais e estruturais da alternativa justificam a sua avaliação. A proposta prevê economias de escala com a construção simultânea da nova linha suburbana de Loures. Embora o investimento inicial possa ser superior, seria compensado pelo aumento da capacidade ferroviária na Área Metropolitana de Lisboa, promovendo o transporte público e reduzindo o uso do automóvel. As receitas da taxa de carbono da aviação, que poderão atingir 500 milhões de euros até 2030, poderiam contribuir para este investimento, reduzindo o impacto climático das viagens ferroviárias.
No entanto, a Infraestruturas de Portugal (IP) assegura que a alta velocidade mantém o traçado previsto, garantindo que a localização do novo aeroporto na margem sul do Tejo não afectará o projecto da Linha Ferroviária de Alta Velocidade (LAV) entre Porto e Lisboa. Segundo disse o vice-presidente da IP, Carlos Fernandes, numa reunião de câmara extraordinária em Vila Franca de Xira, a solução para a LAV já estava prevista antes da decisão sobre a localização do futuro aeroporto, a construir no concelho de Benavente. “O projecto da LAV não é em nada alterado com o novo aeroporto. Esta reflexão já estava feita”, afirmou o responsável.
Mexidas no projecto da Linha do Norte não convencem moradores
Os moradores de Alhandra e Vila Franca de Xira voltaram a manifestar preocupação com a falta de estacionamento, o ruído e a vibração que poderão advir da passagem dos comboios de alta velocidade no concelho. As preocupações foram levantadas na reunião de câmara extraordinária em que uma equipa da Infraestruturas de Portugal (IP), liderada pelo vice-presidente Carlos Fernandes, apresentou as alterações ao projecto de modernização da Linha do Norte. Para alguns cidadãos presentes, o novo projecto privilegia o automóvel em detrimento dos peões e do ambiente, referindo que a nova proposta pouco difere da anterior.
Entre as alterações apresentadas pela IP destaca-se a construção de uma nova estação de comboio em Vila Franca de Xira, com uma cobertura verde, ligação ao Jardim Constantino Palha e interface com os autocarros, comércio e restauração. A IP propõe um aumento dos lugares de estacionamento, com a criação de um novo silo automóvel a nascente da linha do comboio, na zona do antigo Vassalo (o estacionamento total passa de 245 lugares para 389).
Em Alhandra, a proposta prevê o corte de 83 árvores, 70 das quais na Av. Afonso de Albuquerque. Em contrapartida, serão plantadas dentro da malha urbana mais 127 árvores do que as actuais. O estacionamento foi também reforçado de 378 para 668 lugares, designadamente com a transformação do campo da Hortinha, que passará a ser um novo parque de estacionamento, com ligação directa à estação.

