Mais uma iniciativa para contestar novo açude no rio Tejo

Uma centena de embarcações vão descer o Tejo entre Constância e Vila Nova da Barquinha para protestar contra a eventual construção de um açude no rio naquela zona.
O movimento proTEJO assinala no dia 26 de Abril a 12.ª edição do "Vogar contra a indiferença" com uma descida em canoa entre Constância e Vila Nova da Barquinha, num apelo ibérico de cidadãos “por um Tejo livre” de açudes e barragens. Em comunicado, o proTEJO, com sede em Vila Nova da Barquinha, indica que a acção de contestação vai decorrer este ano sob o lema "Não ao novo açude no rio Tejo em Constância/Praia do Ribatejo (Barquinha)" e pela “defesa de rios vivos e livres de açudes e barragens”. A actividade organizada pelo movimento ambientalista consiste numa "acção de defesa de rios vivos sem poluição e livres de açudes e barragens para assegurar a conservação dos ecossistemas e habitats aquáticos, o usufruto do rio pelas populações ribeirinhas e os fluxos migratórios das espécies piscícolas", refere a organização, na nota.
O "12.º Vogar contra a indiferença" decorre na manhã do dia 26, na praia fluvial de Constância, com a leitura da "Carta Contra a Indiferença", e continua com um percurso fluvial em canoa para “desfrutar da beleza natural do corredor ecológico do rio Tejo”, desde a praia fluvial de Constância, na foz do Zêzere, até ao Castelo de Almourol, a jusante, já no Tejo. Depois de um almoço partilhado, a demonstração ibérica de cidadãos "Por Um Tejo Livre" decorrerá no período da tarde, com intervenções dos participantes no anfiteatro dos rios, em Constância, sobre a “rejeição do novo açude no rio Tejo em Constância/Praia do Ribatejo” e a “preservação ecológica dos últimos troços dos rios Tejo e Zêzere como rios vivos sem poluição e livres de açudes e barragens”.
A organização pretende ainda consciencializar as populações ribeirinhas “para o aumento das pressões negativas que resultam da sobre-exploração da água do Tejo”: as que decorrem precisamente dos projectos de novos açudes e barragens e as que já existem, “face à gestão economicista das barragens hidroelétricas da Estremadura espanhola, aos transvases de água do Tejo para a agricultura intensiva no sul de Espanha, e à agressão da poluição agrícola, industrial e nuclear".
A organização delineou uma lotação máxima de 200 lugares em 100 embarcações, incluindo a participação de elementos da Rede de Cidadania por uma Nova Cultura da Água do Tejo/Tajo e seus afluentes, de Espanha, estando as inscrições abertas até 22 de Abril.
Recorde-se que o projecto do novo açude no Tejo está integrado na estratégia “Água que Une”, recentemente apresentada pelo Governo em gestão (PSD/CDS-PP) e que inclui um total de 294 medidas. A estratégia prevê o estudo e construção de novas barragens e de novos “empreendimentos de fins múltiplos”, entre eles o projecto de valorização agrícola dos recursos hídricos do Vale do Tejo e Oeste, que implica a constituição do Empreendimento de Fins Múltiplos do Médio Tejo, com um investimento previsto de 1.350 milhões de euros e a construção de um açude numa área denominada como Constância Norte, o que surpreendeu os autarcas da zona.