Sociedade | 12-04-2025 15:00

Família de Samora Correia viu destruído sonho de viver numa casa de madeira

Família de Samora Correia viu destruído sonho de viver numa casa de madeira
Tânia Pereira e Pedro Gomes viram tempestade Martinho destruir casa de madeira onde viviam

Falha na instalação de vidro terá estado na origem do incidente que deixou família desalojada, após ver sonho de casa de madeira transformar-se em pesadelo. Onda de solidariedade alimenta esperança de Pedro Gomes e Tânia Pereira de reerguer estrutura.

Viver numa casa de madeira era um sonho de Pedro Gomes e Tânia Pereira, de 38 e 34 anos, que após venderem a vivenda em que viviam, cujo empréstimo se tinha tornado insuportável, decidiram mudar-se para uma casa mais ecológica. O casal de Samora Correia viu o sonho tornar-se num pesadelo em minutos, na madrugada de 20 de Março, quando a tempestade Martinho assolou a casa onde viviam com os filhos, Raquel e Erick, de 15 e 4 anos. O vento encontrou uma brecha fatal: um vidro mal instalado, que foi o suficiente para desencadear o desastre. Passava pouco da uma da manhã quando os vidros explodiram e permitiram a entrada de vento na habitação, formando “uma espécie de ciclone” no interior. As portas foram violentamente empurradas, impossibilitando Pedro de aceder ao quarto da filha, tendo apenas conseguido resgatá-la quando o telhado da habitação cedeu e voou para o terreno do vizinho. No entanto, o que aconteceu naquela noite foi apenas a consequência de um problema que o casal já tentava resolver há meses: os vidros mal instalados, que o empreiteiro nunca chegou a corrigir.
“Insistimos várias vezes com a pessoa para vir terminar o trabalho e ele nunca veio”, relata Tânia Pereira, que refere ainda que o empreiteiro garantiu ao casal que a brecha entre o vidro e a estrutura de madeira apenas teria de “levar silicone” e estaria terminada. O caso prolongou-se e avançaram com medidas legais para tentar terminar a obra com outra empresa. “Ele só tinha de notificar o aviso de recepção da carta que enviámos para estarmos livres de concluir a obra com outra empresa. O tempo que tinha para levantar a carta e nós podermos terminar a obra acabou dia 21 de Março, um dia depois de tudo acontecer”, lamenta.
As consequências da tempestade foram devastadoras. A casa ficou irreconhecível e a família perdeu mobília, electrodomésticos e praticamente tudo o que possuía. “O mais importante foi termos saído todos com vida e sem qualquer ferimento grave”, salienta o casal. Apesar das dificuldades, a solidariedade não tardou a chegar. A família tem recebido vários apoios e doações, e um fundo de apoio já conseguiu reunir mais de 10 mil euros. “Cada doação é como se fosse um abraço e só temos a agradecer”, admite o casal, que através da sua página no Instagram vai garantindo a transparência da receita obtida através do fundo. “Se nos sobrar algum dinheiro desta angariação, vamos reencaminhá-lo para outras famílias que tenham sofrido com a tempestade”, admitem. Muitas pessoas voluntariaram-se ainda para ajudar na recolha dos destroços e uma empresa disponibilizou-se para reconstruir a casa, utilizando estacas que ainda possam ser aproveitadas e vendendo as restantes a preço de custo. Outra empresa garantiu refazer o projecto da cozinha que foi destruída. A família acredita que, com toda a ajuda que foi mobilizada, poderão voltar a habitar na casa dentro de seis meses, mas existe ainda um longo caminho a percorrer.

O preconceito com casas de madeira
O caso não deixou de ganhar alguma relevância nas redes sociais e gerou comentários negativos que colocaram em questão a segurança das casas de madeira. Pedro Gomes garante que o sonho da família em habitar numa estrutura deste género em nada se alterou e frisa que as casas de madeira são seguras. A paixão pelas casas de madeira surgiu quando Pedro e Tânia renovavam a vivenda em que habitavam, cujo empréstimo se tinha tornado insuportável. “Ganhámos gosto em fazer as coisas por nós”. Após a venda do imóvel, a família decidiu mudar-se para uma casa de madeira, um processo que consideram ter sido rápido. Através das redes sociais, partilhavam vários momentos em que elaboravam as diversas divisões e adereçavam as paredes da habitação. A casa representava assim mais do que o lugar onde habitavam, mas também um projecto em família.

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