Autarcas e utentes alertam para situação crítica nas urgências de VFX
O Hospital Vila Franca de Xira já não tem capacidade para responder às necessidades dos cinco concelhos que serve. Autarcas e utentes denunciam a falta de condições e exigem medidas para evitar o colapso da unidade hospitalar, como a ampliação das instalações.
Autarcas e utentes estão preocupados com as mais de uma centena de doentes internados em macas nas salas de observação das urgências do Hospital Vila Franca de Xira, devido à falta de camas. O cenário na unidade de saúde tem vindo a degradar-se com a ausência de condições para tratar os doentes, o encerramento das urgências pediátricas e, no fundo, a falta de espaço num hospital que já é pequeno para servir as populações dos concelhos de Vila Franca de Xira, Azambuja, Benavente, Arruda dos Vinhos e Alenquer.
Em declarações a O MIRANTE, o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira (PS), considera que as orientações do Ministério da Saúde são contrárias às necessidades das populações. “Ainda há pouco tempo andámos a lutar para que não fechassem as urgências pediátricas, mas acabaram por encerrar. Tenho expectativa de que haja uma mudança de Governo e que este assunto seja repensado. Já tinha sido abordada, com a anterior ministra Marta Temido, a hipótese de concretizar a ampliação do hospital, quer através de nova construção, quer por readaptação interna das áreas actualmente existentes, mas a informação que tenho é que está tudo paradíssimo, nada avançou”, vinca o autarca.
O tempo de espera nas urgências do Hospital Vila Franca de Xira e os doentes nos corredores motivam críticas das comissões de utentes. Ramiro Bom, porta-voz dos utentes de Alverca do Ribatejo e do Movimento de Utentes de Serviços Públicos, sublinha que a taxa de ocupação no Hospital VFX é de 105%, o que considera inaceitável numa infraestrutura recente. “As dificuldades sociais agravam a situação. Se não têm para onde ir ou quem os vá buscar, os utentes permanecem internados”, afirma.
Recorde-se que a Ordem dos Enfermeiros e o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) já classificaram a situação do hospital como muito preocupante.
A presidente da secção sul da Ordem dos Enfermeiros defendeu também que o conselho de administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Estuário do Tejo tome medidas adicionais para resolver o problema, incluindo a activação de planos de contingência e suplementos remuneratórios para os profissionais, de modo a evitar que os enfermeiros deixem de concorrer aos concursos lançados pela ULS.
As justificações da ULS Estuário do Tejo
A ULS Estuário do Tejo explicou que a urgência do Hospital Vila Franca de Xira está sob pressão devido ao aumento de casos típicos da época e há admissão de doentes de outras áreas geográficas, que representam 10% dos atendimentos. Além disso, a elevada percentagem de casos sociais, com doentes prontos para alta, mas sem possibilidade de alta administrativa, tem dificultado os internamentos. A ULS tem procurado resolver essas situações em parceria com a Misericórdia de Vila Franca de Xira, mas reconhece o esforço adicional exigido aos profissionais da urgência, apesar dos concursos para contratação de pessoal nem sempre resultarem no número de contratações desejáveis.