Estátua de São Paulo levou dez anos a chegar ao Jardim da Liberdade

A obra, concebida há mais de uma década pelo escultor Fernando Marques, já falecido, foi encomendada pela Câmara de Santarém, com quem o artista teve um litígio há uns anos por causa da estátua de São Francisco de Assis, também encomendada por Moita Flores.
O Jardim da Liberdade, em Santarém, passou a contar com uma nova estátua, evocativa de São Paulo. A obra em pedra concebida pelo escultor Fernando Marques, já falecido, foi encomendada pela Câmara de Santarém nos tempos em que Moita Flores era o presidente e está datada de 2014, mas só agora foi instalada na cidade. Durante a inauguração, o vereador da Cultura, Nuno Domingos, disse que foi uma aposta do presidente Ricardo Gonçalves instalar a estátua neste mandato, tendo havido alguns procedimentos e burocracias que levaram a que só agora fosse possível expor a escultura no espaço público.
Fernando Marques é o autor de diversas outras esculturas presentes no espaço público em Santarém, como as do bispo D. António Francisco Marques, do historiador Veríssimo Serrão, de Madre Andaluz e a de São Francisco de Assis, que foi causa de um litígio entre o escultor e a autarquia há uns bons anos, tal como O MIRANTE noticiou. O artista, então com 81 anos, chegou mesmo a ir a uma reunião de câmara, em 4 de Abril de 2016, reclamar o pagamento dos 12.500 euros referentes à criação da estátua evocativa de São Francisco de Assis, que tinha sido colocada anos antes junto ao Convento de São Francisco, quando era presidente do município Francisco Moita Flores.
O sucessor de Moita Flores, Ricardo Gonçalves, disse na altura não saber como pagar ao escultor da zona de Leiria, pois, segundo garantiu, não havia qualquer contrato assinado nem qualquer procedimento para adjudicação desse serviço, embora Moita Flores, então citado pela televisão SIC, desmentisse a falta de documentos e acusasse Ricardo Gonçalves de estar a fugir às responsabilidades.
Ricardo Gonçalves afirmou que soube dos contornos do processo relacionado com a estátua de São Francisco de Assis apenas em 2014. E, após ter constatado que não havia documentação de suporte que justificasse essa despesa, aconselhou inclusivamente o escultor a recorrer aos tribunais. No entanto, Fernando Marques optou por não seguir pela via litigiosa e dizia preferir que a obra lhe fosse devolvida, tendo o presidente da autarquia concordado com a restituição da escultura. No entanto, a estátua de São Francisco de Assis lá continuou e nunca foi devolvida ao criador.