Temporal agravou mau estado da marina de Vila Franca de Xira

A depressão Martinho deixou um rasto de destruição na marina de Vila Franca de Xira e proprietários de embarcações ali ancoradas exigem obras. O espaço é gerido pela União Desportiva Vilafranquense mas é o município que está a liderar o processo com vista à realização das necessárias obras.
A marina de Vila Franca de Xira ficou muito mal tratada com a passagem da depressão Martinho, com embarcações de seis e sete toneladas presas a pequenos veios que agora apenas estão seguros com duas porcas precárias. O alerta foi deixado na última semana por vários donos de embarcações que estão atracadas naquele equipamento e que pediram ajuda à câmara para intervir na marina depois de não conseguirem ter respostas eficazes da entidade que gere o equipamento, a União Desportiva Vilafranquense (UDV).
Perante os pedidos de ajuda dos proprietários, que lamentam que o UDV não tenha verba para fazer as obras urgentes, o presidente do município, Fernando Paulo Ferreira (PS), assume que será a câmara a fazer essa intervenção mas apenas por um motivo: porque é naquela marina que está ancorado o barco varino Liberdade, propriedade municipal, que pelo seu tamanho e idade precisa de uma ancoragem específica.
“Há um conjunto de problemas antigos sobre a propriedade da marina e as dívidas do clube, um drama e uma novela muito antiga que tem a ver com outra geração de pessoas. O que quero garantir é que já pedi aos serviços para fazerem um levantamento dos estragos para intervirmos”, garantiu o autarca em reunião de câmara, respondendo a dois proprietários de embarcações que foram à sessão pedir ajuda.
O autarca diz ter ficado impressionado com os estragos que viu na marina após o temporal, que levou a que dois barcos tivessem afundado e praticamente todos tenham sofrido danos. “A sensação com que fiquei foi de desolação na sequência daquela tempestade brutal. É o que costumamos ver nos tsunamis em que ficam só destroços a flutuar”, confessou o autarca. A intervenção não deverá ser feita tão cedo, contudo, devido à falta de empresas especializadas a operar no sector. “As empresas que trabalham nesta área estão assoberbadas com trabalho e estão a acudir a muitos locais. Já pedi aos serviços da câmara para sermos nós a tomar conta deste processo e fazer um levantamento global do que é necessário para intervirmos nesta situação e garantir a ancoragem”, explicou.
Por sorte, na noite da tempestade, o varino Liberdade não estava na marina por se encontrar em manutenção fora de água. O MIRANTE tentou contactar os responsáveis do UDV sobre este assunto mas não foi possível obter uma reacção até ao fecho desta edição. “Estamos a mexer os cordéis todos que possamos mexer para assumir aqueles trabalhos. Estamos a tentar que seja o mais rapidamente possível. Também nos cais dos avieiros de Vila Franca de Xira e da Póvoa vamos fazer uma avaliação para intervir o mais rapidamente possível”, adiantou Fernando Paulo Ferreira.
Proprietários de embarcações criticam falta de investimento no espaço
Paulo Costa Feio é dono de uma embarcação que está ancorada na marina de Vila Franca de Xira e foi à última reunião de câmara pedir ajuda ao município depois de ver que não estava a obter respostas da UDV. “A qualidade dos pontões da marina tem-se agravado nos últimos anos. Temos feito uma forte intervenção junto da UDV para os reparar. A UDV absorve grande parte dos valores que pagamos na marina e que são direccionados para a parte desportiva. Não colocamos isso em causa, mas queremos que uma parte desse valor seja investido na requalificação da marina”, criticou.
Para o proprietário, a actual forma como os barcos estão atracados pode acabar num grande desastre. “Não para a cidade propriamente dita mas sobretudo para os proprietários. Será uma tragédia que não será bem vista. Só peço à câmara para que possa intervir junto da UDV, que nos diz não ter verbas para fazer ali qualquer intervenção. Peço-vos que possam acabar com algo que está muito perigoso”, apelou. Na mesma reunião também António Gonçalves, dono de outra embarcação atracada na marina, pediu soluções para “o caos” em que o espaço se encontra. “Gostava de saber se a câmara conseguiu estabelecer algum contacto com a gestão do clube e resolver o problema”, apelou.