Sociedade | 23-04-2025 10:00

Movimento pelo Tejo diz que estratégia da água representa “desastre ecológico e social”

Movimento pelo Tejo diz que estratégia da água representa “desastre ecológico e social”

O proTEJO está contra transvases entre bacias hidrográficas e contesta a construção de barragens, designadamente a que está pensada para o rio Tejo na zona de Almourol. A sua posição foi expressa durante a consulta pública da estratégia nacional “Água que nos une”, apresentada pelo Governo.

O proTEJO - Movimento pelo Tejo considera que a estratégia “Água que nos une” configura um “desastre ecológico e social”, com medidas que favorecem o crescimento de alguns sectores económicos em detrimento da sustentabilidade ambiental. Em comunicado, o movimento com sede em Vila Nova da Barquinha refere que apresentou a sua “discordância” sobre a estratégia “Água que une”, no portal Participa, por considerar que se trata de “um desastre ecológico e social” que “favorece o crescimento dos sectores do agronegócio, da banca, da construção civil e do imobiliário à custa da degradação de uma ecologia favorável […] à sustentabilidade" da vida.

Quanto ao Médio Tejo, segundo o movimento, a estratégia propõe a concretização de três projectos que a proTEJO também rejeita, nomeadamente o novo açude no rio Tejo, em Constância/Praia do Ribatejo (Vila Nova da Barquinha), o estudo da ligação da bacia do Tejo à bacia do Guadiana e a construção de uma nova grande barragem no rio Ocreza

A estratégia nacional “Água que nos une”, apresentada em Março pelo Governo e em consulta pública até 25 de Abril no portal Participa, prevê a construção de novas barragens, redução de perdas nos diferentes sistemas e, como último recurso, interligação entre bacias hidrográficas.

“Esta estratégia é essencialmente apressada, eleitoralista, economicista e megalómana face à circunstância de um Governo demissionário cujas propostas estão objectivamente focadas, em termos de prazos de execução no curto prazo, na construção de inúmeras novas infraestruturas hidráulicas (barragens, transvases e açudes) que conduzem a um desastre ecológico e social”, refere o Movimento pelo Tejo.

Na nota, o proTEJO acrescenta ainda que as novas infraestruturas previstas no plano apresentam um “risco elevado de ficarem rapidamente subutilizadas sem o retorno económico esperado”, além de não terem sido “consensualizadas com a sociedade portuguesa e com as pessoas que vão ser diretamente afectadas”.

A estratégia “Água que nos une” conta com quase 300 medidas a implementar (algumas vão até 2050) e prevê um aumento da eficiência, através da redução de perdas de água nos sistemas de abastecimento público, agrícola, turístico e industrial, a utilização de água residual tratada, a optimização de barragens e a construção de novas.

Para a proTEJO, a “estratégia não concilia os valores económicos com os valores ecológicos e sociais, por não assegurar nem a sustentabilidade económica de médio e longo prazo, nem a sustentabilidade ambiental”.

Contra transvases e barragens

Segundo o movimento, os “transvases de ligação de bacias hidrográficas distintas, nomeadamente, do Douro e do Mondego para o Tejo e do Tejo para o Guadiana, com as denominadas “autoestradas da água”, vão afectar populações e “permitir a transferência de poluição e de espécies entre estas bacias provocando alterações nos seus ecossistemas”.

Por outro lado, acrescenta a proTEJO, a construção de barragens e açudes "altera a dinâmica e limita a conectividade fluvial" dos rios, "destruindo a biodiversidade" pela afectação dos habitats e das condições de sobrevivência das diversas espécies.

A estratégia, ainda de acordo com o movimento, está orientada para o aumento do regadio (30%) com maior consumo de água e não para satisfazer as actuais e futuras necessidades das populações com as disponibilidades de água que existem, não sendo esclarecido “qual o objetivo deste aumento do regadio, para quem plantar o quê, e para produzir como e consumir onde”.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1713
    23-04-2025
    Capa Médio Tejo
    Edição nº 1713
    23-04-2025
    Capa Lezíria Tejo
    Edição nº 1713
    23-04-2025
    Capa Vale Tejo