Sociedade | 26-04-2025 07:00

A inovação é fundamental no sector da água para combater o desperdício de um recurso vital

A inovação é fundamental no sector da água para combater o desperdício de um recurso vital
Conferência, em Santarém, realçou importância do investimento em tecnologia e urgência no combate às perdas de água

Santarém acolheu conferência sobre água, centrada na inovação e sustentabilidade do sector, onde foram discutidas soluções e medidas inovadoras para a gestão eficiente dos recursos hídricos.

Santarém acolheu a conferência “ESG e o futuro da água”, onde foram debatidas soluções e medidas inovadoras para melhorar a gestão e eficiência do sector da água em Portugal. O evento decorreu no dia 16 de Abril, no Teatro Sá da Bandeira, e contou com a presença de vários especialistas e gestores do sector da água.
O primeiro painel foi dedicado inteiramente à inovação no sector da água, onde Vera Eiró, presidente da ERSAR – Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, alertou que a escassez hídrica é hoje um risco financeiro e de negócio, defendendo que o sector precisa de evoluir e tentar fazer mais com menos. “O ciclo da água é uma vítima do desenvolvimento económico. Temos de perceber que cada litro de água perdido é também energia desperdiçada e gerir isto implica um investimento tão grande que a única forma de nós fazermos isso é inovando. A inovação no sector da água é crítica”, frisou.
José Sardinha, administrador das Águas de Portugal, destacou que a inovação não é apenas uma tendência, mas uma necessidade estratégica. “Não inovar sai caro, pois pagamos ao importar tecnologia e ao perder eficiência e competitividade. Mas inovar a mais também pode custar caro e não deve ser o único foco das empresas”, afirmou.
O administrador da Águas de Portugal salientou que a empresa investe em diversos projectos de inovação e deu como exemplo prático a reutilização das areias das ETAR, tradicionalmente tratadas como resíduo, que a empresa transforma em material reutilizável para obras, reduzindo custos e impacto ambiental.

Perdas de água são um crime ambiental
Já Ramiro Matos, presidente do conselho de administração da empresa municipal Águas de Santarém, sublinhou o peso social da inovação e trouxe à conferência o problema concreto das perdas de água. “Este é um dos maiores crimes ambientais que se cometem diariamente. Estamos a gastar recursos e energia para água que ninguém consome”, alertou. O responsável destacou o trabalho que a empresa tem desenvolvido nessa vertente, sendo que desde 2020 reduziu as perdas de 35% para 18%, com forte investimento em tecnologia, em detecção de fugas por satélite e monitorização em tempo real da rede, desde a captação até ao consumidor.
O secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa, também presente na conferência, reforçou de igual modo a urgência do combate às perdas de água, alertando que as redes urbanas de abastecimento em Portugal ainda perdem cerca de 40% da água antes de chegar ao consumidor final. “Quem acaba por pagar estes desperdícios é o consumidor. Portugal tem ainda um caminho longo a percorrer nesta matéria, mas olho com muito agrado para o papel activo que Santarém tem assumido no sector da água”, afirmou o governante.
Ao longo da conferência debateu-se ainda a importância da água na produção energética, com Nelson Lage, presidente da ADENE, e Jerónimo Meira da Cunha, da Energy & Resources, que salientou que Portugal tem uma oportunidade de ouro nas energias renováveis, que não deve desperdiçar. Já Ana Trico Moraes, CEO da Sociedade Ponto Verde, e Felipa Pantaleão, secretária-geral do PCSD (Política de Defesa e de Segurança Comum), discutiram os avanços de Portugal na Economia Circular, criticando a burocracia extrema que ainda existe em Portugal na aprovação e regulamentação de projectos, o que impede muitas empresas de inovarem mais.
A conferência reforçou, em todos os painéis, a ideia de que a água está no centro dos desafios e critérios da ESG (Environmental, Social and Governance), estando em destaque o facto de a inovação ser decisiva para garantir um futuro sustentável e resiliente neste sector.

Autarca de Santarém defende reaproveitamento estratégico do Tejo para a agricultura

No encerramento da conferência “ESG e o futuro da água”, o presidente da Câmara de Santarém, João Leite (PSD), apelou a uma intervenção mais assertiva do Governo e das autarquias da região no aproveitamento do rio Tejo, sublinhando a sua importância estratégica para a agricultura. “A agricultura é um sector essencial e sem água não existe agricultura, por isso é necessário que haja uma intervenção e reaproveitamento definitivo do rio Tejo, pelo Governo e pelas autarquias da região”, sublinha.
João Leite destacou também o investimento contínuo que a empresa municipal Águas de Santarém tem feito para modernizar e tornar mais eficiente o sistema de abastecimento, nomeadamente através da redução das perdas de água, acrescentando que existem de momento muitas obras e projectos a decorrer neste sector.
O secretário de Estado do Ambiente concordou também que deve ser feita uma utilização mais inteligente da água disponível no sector agrícola, destacando a região do Algarve como um exemplo onde a eficiência hídrica é prioritária.

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