Lar de Santo António de Santarém muda de direcção

Susana Pita Soares sucede a Maria Emília Rufino na liderança do Lar de Santo António da Cidade de Santarém, que acolhe crianças e adolescentes institucionalizados.
O Lar de Santo António da Cidade de Santarém, que acolhe crianças e adolescentes institucionalizados, vai ter nova direcção, fechando-se um ciclo de três décadas com Maria Emília Rufino na liderança da instituição. A antiga vereadora da Câmara de Santarém Susana Pita Soares, jurista e professora, vai assumir o leme de uma casa fundada em 1872 que é uma referência na cidade. A eleição ocorreu no dia 14 de Abril, em resultado da vontade da presidente cessante em deixar essas funções. A nova direcção, que toma posse a 28 de Abril, conta ainda com Ana Teresa Martins (vice-presidente), Cláudia Coutinho (secretária), Jorge Vieira (tesoureiro), Nádia Grincho (vogal) e Flávio de Sá (vogal). Neste processo de renovação registou-se também a entrada de João Carvalho para segundo secretário da mesa da assembleia geral, que continua liderada por António Valente.
Contactada por O MIRANTE, Susana Pita Soares diz que já tinha sido desafiada há algum tempo para assumir funções dirigentes na instituição, tendo decidido chegar-se à frente agora, perante a irredutibilidade de Maria Emília Rufino em prosseguir, devido ao cansaço acumulado. “É provavelmente a missão mais desafiante que enfrentei, é uma mega responsabilidade. Queremos honrar o caminho que tem sido feito. É uma casa com grande solidez e história”, diz a presidente eleita, que teve o pelouro da Acção Social na Câmara de Santarém no mandato 2013-2017.
Susana Pita Soares quer imprimir alguma inovação nas funções que vai assumir até 2027. Pretende prosseguir o caminho de sustentabilidade financeira, melhorar a qualidade dos serviços e a comunicação e aumentar o impacto social que a instituição tem desenvolvido junto de crianças e jovens no sentido de quebrar ciclos de pobreza e de violência, proporcionando-lhes condições para poderem construir um futuro digno.
O antigo lar das raparigas acolhe jovens de ambos os sexos
O Lar de Santo António tem o estatuto de Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) e a sua actividade está há mais de 150 anos ligada ao apoio à infância e juventude. Inicialmente só recebia raparigas, mas desde 2020 acolhe jovens de ambos os sexos, dos cinco aos 18 anos, a maioria proveniente de famílias problemáticas. Actualmente tem cerca de três dezenas de utentes.
O presidente da assembleia geral, António Valente, decidiu convocar eleições, apesar de ter a prerrogativa estatutária de poder designar um substituto para os dirigentes demissionários, por uma questão de transparência. “A candidatura de Susana Pita Soares foi uma bênção, pois é uma pessoa que transmite confiança e que tem experiência neste tipo de cargos”, afirma.
O dirigente sublinha o papel que a instituição tem desempenhado na educação de crianças e jovens oriundos de contextos familiares complicados. Os menores frequentam escolas do concelho, praticam o desporto que escolherem dentro da oferta disponível na cidade, são bem alimentados e bem vestidos, têm apoio no estudos e são acarinhados. “Ali só lhes falta a família biológica”, afirma António Valente, militar aposentado e também ele ex-vereador da Câmara de Santarém, referindo que o Lar de Santo António vive das verbas transferidas pela Segurança Social, de donativos de sócios, de empresas e de outras entidades, bem como das pessoas que lhe dedicam muito do seu tempo.