Jaime Antunes compra a maioria dos espaços comerciais do devoluto Vila Franca Centro

Firma do oureense Jaime Antunes comprou a maior parte dos imóveis que pertenciam a um pacote de activos vendidos pela banca e diz a O MIRANTE que tem o objectivo de revitalizar o espaço. Câmara de Vila Franca de Xira soube do negócio, reuniu com o empresário e não exerceu o direito de preferência sobre o edifício.
Foi um negócio discreto feito longe de olhares curiosos: o ex-vice presidente do Benfica, Jaime Antunes, comprou este mês a maioria das fracções do devoluto e degradado Vila Franca Centro (VFC), situado em pleno centro da cidade de Vila Franca de Xira. A Lusocastelo, sociedade de investimentos e consultoria do empresário, comprou um pacote de activos que pertencia a um fundo imobiliário que detinha a maioria das fracções do centro comercial, que está registado como propriedade horizontal e chegou a ter 85 donos diferentes.
O negócio foi confirmado por Jaime Antunes a O MIRANTE, embora o valor da transação não tenha sido revelado. O empresário diz que a ideia é revitalizar o centro comercial mas admite que tal pode não ser fácil e dependerá da vontade dos restantes proprietários de pequenas lojas que ainda não venderam as suas fracções. “Essa revitalização só será possível se os proprietários estiverem disponíveis para vender ou participar nessa remodelação. Neste momento, estamos a entrar em negociações com os restantes proprietários. É uma equação difícil, mas é uma tentativa de revitalizar um espaço que neste momento não é bom para ninguém, nem para a cidade nem para os moradores”, explica.
O investidor confirma que já esteve em conversações com a Câmara de Vila Franca de Xira sobre o assunto. O município não exerceu o direito de preferência do espaço aquando deste negócio, numa proposta que nunca foi a reunião do executivo por ser uma competência delegada no presidente da câmara. A câmara, recorde-se, já tinha aprovado também uma isenção do Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) para quem comprar ou vender lojas naquele centro comercial. E, além disso, já tinha também manifestado intenção de vender, a quem comprar a maior parte dos imóveis do antigo centro comercial, os dois estacionamentos subterrâneos de que é proprietária no centro comercial, que custaram em 2019 cerca de 200 mil euros ao erário público.
“Não temos um prazo para apresentar um projecto para o VFC porque ele tem muitos imponderáveis. Isso implicaria estudos com projectistas e isso só será viável depois de negociarmos com todos os proprietários”, explica Jaime Antunes.
Centro comercial durou duas décadas
O Vila Franca Centro, recorde-se, foi edificado em 1994 e funcionou durante duas décadas. Ficou na história por ter a primeira sala de cinema do país a estrear a tecnologia de imagens de grandes dimensões (IMAX), mas foi sucessivamente definhando por causa do modelo de negócio adoptado – lojas vendidas a particulares ao invés de uma rotação de negócios como existe nos centros comerciais actuais – e em 2013 já só tinha duas dezenas de lojas abertas. A administração do centro, mergulhada em dívidas, abriu insolvência e o espaço fechou definitivamente em Outubro desse ano e assim continuou até hoje.