Sociedade | 28-04-2025 07:00

Encontro sobre o Alviela em Pernes passou ao lado da população

Encontro sobre o Alviela em Pernes passou ao lado da população
Fraca adesão não impediu a plateia de questionar a qualidade da água e propor iniciativas em torno do rio Alviela

Uma iniciativa para falar sobre as barreiras no leito do rio Alviela serviu para alguns habitantes de Pernes recordarem tempos vividos no rio com um sentimento de saudade e outros levantarem reservas quanto à qualidade da água. A adesão foi reduzida e longe parecem ir os tempos em que o tema Alviela mobilizava a população.

O GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente promoveu um encontro em Pernes no âmbito do programa Rios Livres. A população teve oportunidade de mapear as barreiras na bacia do rio Alviela, entender o seu impacto através de experiências no auditório e partilhar memórias vividas no rio onde, antes de se falar em poluição, se ia a banhos e fazia piqueniques nas margens. “Lembro-me de o mouchão ser um sítio atractivo para passar a tarde e ainda tenho esperança de que se faça alguma coisa, mas acho que não há interesse na parte do ambiente e da natureza. Os interesses são outros”, disse uma munícipe.
O encontro decorreu nas instalações da Sociedade Musical União Pernense e contou apenas com cerca de meia dúzia de populares, uma fraca adesão, tendo em conta que noutros tempos o tema do Alviela mobilizou a população para muitas acções de luta e protesto. Da escassa plateia foi ainda levantada a questão da falta de confiança na qualidade da água do rio, devido às espumas que vão surgindo com alguma frequência, e o único jovem presente na sala propôs análises à água frequentes para aumentar a confiança da população. Outra munícipe referiu que o rio já não é de todos porque os campos estão vedados.
Segundo o GEOTA, construir barragens e açudes como medida de adaptação à escassez de água decorrente das alterações climáticas é errado, porque o problema mantém-se e, inclusive, pode ser agravado pela falsa sensação de segurança face à água armazenada no local. A conectividade fluvial é fundamental para a manutenção de ecossistemas ribeirinhos saudáveis, permitindo a movimentação de nutrientes e sedimentos ao longo do rio, a dispersão de peixes e outros organismos, e a melhoria da qualidade da água.
Muitos açudes foram construídos para aproveitar a força da água em indústrias como lagares de azeite, moinhos de farinha ou curtumes. Com a evolução dos processos industriais e a mudança das actividades económicas, muitas das estruturas perderam a sua função original. Algumas assumiram novas funções, sendo por exemplo alvo de outra utilização económica, ou tornando-se locais de recreio e lazer, esclarecendo que não existe nenhum objectivo, actividade ou meta que preveja o pagamento monetário directo aos proprietários.
O evento realizou-se em parceria com o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, na pessoa da investigadora Maria Alba, e Nuno Barroso, do colectivo de investigação Guarda Rios, dinamizador do Escola Rio, um projecto pedagógico e lúdico dedicado às escolas de Alcanena e Minde, onde através de um conjunto de instalações e jogos se exploram com os alunos questões relacionadas com a água, a vida na terra e os ecossistemas ribeirinhos, tendo sido envolvidas 120 crianças do quinto ano, em seis sessões.

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