Parques cheios de famílias e prateleiras de supermercado vazias no apagão que deixou a região às escuras

Um apagão histórico deixou às escuras Portugal inteiro e na região ribatejana os efeitos foram diversos. Há um que se destaca pela positiva: as famílias saíram à rua e encheram os parques e jardins das cidades, vilas e aldeias de Ribatejo. Aldeias de Tomar foram das primeiras a ter luz.
Um corte generalizado no abastecimento eléctrico deixou na segunda-feira, 28 de Abril, toda a Península Ibérica sem electricidade durante várias horas. As consequências deste acontecimento histórico tiveram um impacto negativo em muito comércio da região ribatejana, mas também trouxe à tona algo que se foi perdendo com os novos tempos e as tecnologias: as famílias voltaram a sair à rua e encheram os jardins e parques das cidades, vilas e aldeias um pouco por todo o país. Em todo o lado o cenário mais comum era ver crianças a jogar à bola com os pais e a andarem de bicicleta e famílias inteiras a conviverem em espaços públicos, muitas delas a partilharem refeições.
Por outro lado, o medo generalizado que normalmente se propaga nestas situações, como aconteceu na pandemia da Covid-19 ou na greve dos camionistas, fez com que a afluência aos supermercados e bombas de combustível atingissem números elevados que obrigaram a encerrar os estabelecimentos. Em vários supermercados as prateleiras ficaram vazias. Latas de atum, arroz, massa, papel higiénico e água foram alguns dos bens essenciais que foram literalmente açambarcados por muitos compradores que receavam que o “apagão” se mantivesse por vários dias.
Tal não aconteceu e a situação ficou normalizada na maioria das localidades da região ribatejana ao final da tarde do mesmo dia. Houve quem festejasse à janela o aparecimento da electricidade e as ruas e os parques voltaram a ficar vazios. A normalidade regressou, para o bem ou para o mal, mas o que fica deste dia histórico é que a imprevisibilidade exalta a espontaneidade e a coesão entre as pessoas.
Um apagão que vai ficar na história
O apagão registou-se por volta das 11h30 de Portugal e a situação estendia-se a toda a Península Ibérica e parte do território francês, confirmou a REN – Redes Energéticas Nacionais ao final dessa manhã. Pouco depois das 15h00, mais de três horas após o corte energético e depois de serem divulgadas várias notícias falsas sobre as causas, o primeiro-ministro falou aos jornalistas e afirmou que tudo aponta para que a origem da falha de energia esteja na interconexão com a Espanha, admitindo que nada está afastado, mas não existem quaisquer indicações de um ataque cibernético. Também o Centro Nacional de Cibersegurança já tinha confirmado que não foram identificados indícios que apontem para um ciberataque. A primeira explicação chegou da distribuidora de energia espanhola Red Electrica, que adiantou tratar-se de um “incidente excepcional”, provocado por uma flutuação muito brusca no fluxo de energia da rede, de origem desconhecida, que provocou a desconexão de Espanha do restante sistema eléctrico europeu. Esta versão foi confirmada pela REN. Ao final da noite de segunda-feira todos os distritos tinham a energia reposta.