Sociedade | 03-05-2025 10:00

Inteligência Artificial não substitui os médicos mas vai mudar a forma como trabalham

Inteligência Artificial não substitui os médicos mas vai mudar a forma como trabalham
Câmara de Alenquer promoveu debate sobre Inteligência Artificial na área da saúde

A tecnologia não substitui os médicos, mas exige novos modelos, competências e infraestruturas. Esta foi uma das conclusões do seminário sobre o impacto da Inteligência Artificial na área da saúde, que decorreu em Alenquer. Perigos, regulação, riscos e vantagens estiveram em debate no Fórum Romeira.

Será que as máquinas podem vir a substituir os médicos e os profissionais de saúde? Esta foi uma das questões em cima da mesa no seminário Inteligência Artificial (IA) no domínio da saúde que decorreu no Fórum Romeira em Alenquer. Os desafios e oportunidades da IA estão na ordem do dia e, na área da saúde, ainda mais, ao levantarem-se questões como os possíveis erros dos equipamentos, a falta de humanização e a regulação.
De acordo com a análise apresentada pelo presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Estuário do Tejo, Carlos Andrade Costa, daqui a duas décadas vão começar a ser construídos hospitais sem blocos operatórios, as chamadas salas limpas com novas gerações de robôs. “A noção dos actos cirúrgicos vai ter como base a IA. Não vos passa pela cabeça o que aí vem. Daqui a 20 anos vamos interrogar-nos sobre o que é um hospital”, disse o responsável da ULS.
Os conselhos médicos que são dados aos utilizadores comuns da IA são preocupantes, conforme considerou João Oliveira, da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros, referindo-se a uma “medicina self-service”. A corroborar a afirmação estão estudos já realizados na área, por exemplo da psicologia e psiquiatria, em que 52% das pessoas prefere conversar com a IA do que com um profissional de saúde.
As agências reguladoras na área da saúde, a nível mundial, não estão preparadas para os desafios da IA. De acordo com Carina Adriano, do Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, os dispositivos médicos podem ter erros graves e, por isso, estão a ser avaliados, porque ninguém quer viver numa Europa sem regulação. “Existem riscos associados à IA nos hospitais e custos associados que podem ou não ser suportados. Tem que haver médicos e enfermeiros que saibam trabalhar com os algoritmos, não são os informáticos. Os projectos têm de ser feitos por quem os vai usar”, alertou.

IA tem impacto no mercado de trabalho
A gestão na saúde e o impacto que terá a IA no mercado de trabalho ainda é uma incógnita. Para o médico de medicina geral e familiar da USF Vila Presépio, Filipe Vicente, existem muitas questões por responder. Como, por exemplo, se o desenvolvimento e progresso poderão trazer mais segurança, mais tempo para estar com os utentes e diminuir o burnout (esgotamento) dos profissionais de saúde. Por outro lado, a que ritmo é que vão ser integrados sistemas de IA nos actuais, quando muitas unidades de saúde têm equipamentos informáticos lentos e obsoletos.
À margem do seminário, em declarações a O MIRANTE, Carlos Andrade Costa considerou que a IA não vai substituir os médicos, mas que vão haver alterações na aprendizagem das profissões. Apesar da revolução tecnológica, o ser humano continua a ser preponderante nas decisões. Quanto a uma possível redução das listas de espera nos hospitais, o responsável defende uma abordagem conservadora. “É preciso dar tempo ao doente. Quando o doente tem uma proposta cirúrgica, não quer dizer que tenha de ser materializada rapidamente. Primeiro pode ser com medicação, exercício, fisioterapia e a cirurgia é o último passo. Mas a tecnologia vem acelerar os tratamentos”, afirmou.
O seminário foi organizado pela Câmara Municipal de Alenquer e, na plateia, estavam alunos do curso de acção educativa, disciplina de educação infantil, da escola profissional do município. Para o presidente da autarquia, Pedro Folgado, a IA pode vir a substituir recursos humanos, mas haverá sempre necessidade das pessoas comandarem e interagirem com as máquinas. “O assunto não se esgota neste seminário, mas é mais uma hipótese de falarmos nestas coisas. Imagino-me a ser operado por um robô, mas com a ajuda do médico e a sua destreza”, disse o autarca.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1714
    30-04-2025
    Capa Médio Tejo
    Edição nº 1714
    30-04-2025
    Capa Lezíria Tejo
    Edição nº 1714
    30-04-2025
    Capa Vale Tejo