Descer o Tejo em contestação contra a indiferença ao novo açude

Na manhã de 26 de Abril, cerca de 120 participantes desceram de canoa a margem do rio Tejo entre Constância e Vila Nova da Barquinha. A iniciativa promovida pelo movimento proTejo decorreu este ano sob o lema “Não ao novo açude no rio Tejo em Constância/Praia do Ribatejo”.
Cerca de 120 pessoas participaram na manhã de 26 de Abril na 12ª edição do “Vogar contra a Indiferença”, organizada pelo Movimento pelo Tejo - proTejo, numa descida simbólica de canoa entre Constância e Vila Nova da Barquinha. Este ano a iniciativa focou-se na oposição à construção de um novo açude no rio Tejo, perto de Constância e Praia do Ribatejo, onde autarcas e entidades alertaram para os danos ambientais, culturais e turísticos que a obra poderá causar.
Durante a iniciativa, Paulo Constantino, fundador do proTejo, destacou que já não é necessário serem construídos mais açudes e barragens no Tejo, ressalvando que aqueles que forem construídos só trarão prejuízos. “As que existem já são suficientes e as que forem construídas adicionalmente não trarão valor acrescentado e vão causar impactos ecológicos profundos aos ecossistemas”, vincou.
Segundo Paulo Constantino, os impactos da eventual construção do novo açude, no âmbito da estratégia nacional “Água que nos une”, far-se-iam sentir nas dinâmicas económicas, turísticas, culturais e patrimoniais nos concelhos de Constância e da Barquinha, a par das questões ambientais e de biodiversidade, “afectando as espécies piscícolas, nomeadamente as migratórias, mas também a todo o resto do ecossistema, do qual os seres humanos também dependem para sobreviver”.
O presidente da Câmara de Constância, Sérgio Oliveira (PS), também esteve presente no evento e rejeitou de igual modo a construção do açude, lembrando que o desenvolvimento turístico e económico do concelho tem estado, há décadas, intimamente ligado aos rios e à preservação das suas margens.
Apesar das várias acções de sensibilização e dos pedidos de esclarecimento, Paulo Constantino declarou a O MIRANTE que ainda não houve nenhuma resposta à situação por parte do Governo, sublinhando que nem o relatório da consulta pública sobre o projecto, supostamente prometido para Março, foi ainda divulgado. A luta contra o novo açude vai continuar a 31 de Maio com o 2º Encontro Nacional de Cidadania em Defesa dos Rios e da Água, onde diversos movimentos ligados aos rios e à água estarão presentes.
O “12º Vogar contra a indiferença”, que juntou cidadãos, autarcas dos dois concelhos, ambientalistas, empresários, políticos e dirigentes associativos numa descida em canoa, teve início na praia fluvial de Constância, onde foi lida a “Carta contra a indiferença”, e continuou com um percurso fluvial até ao Castelo de Almourol, em Vila Nova da Barquinha, que durou pouco mais de uma hora, em “comunhão com o rio” e num passeio de “fluviofelicidade”, levando os participantes a “desfrutar da natureza e da paisagem natural e cultural”.
A “Carta Contra a Indiferença” exige a “rejeição do novo açude no Tejo em Constância/Praia do Ribatejo, em defesa de um rio vivo e livre com dinâmica fluvial sem novos açudes e barragens”, bem como a necessidade de uma “gestão sustentável da bacia hidrográfica do Tejo com base no princípio da unidade da sua gestão”.