Associação de Praia do Ribatejo chega aos 50 anos com espírito comunitário intacto

O Centro Cultural e Desportivo de Praia do Ribatejo completou 50 anos do dia em que 21 jovens se juntaram para dinamizar a freguesia. Hoje o espírito de comunidade continua intacto, muito por culpa da presidente da direcção, Anabela Queiroz.
O Centro Cultural e Desportivo de Praia do Ribatejo (CECUDE) celebrou a 1 de Maio meio século da sua fundação. A coletividade continua com o propósito de unir a freguesia e criar espaços de encontro no concelho de Vila Nova da Barquinha. Curiosamente, quem tem assumido esse papel são, na sua maioria, pessoas que não nasceram ali, mas que por escolha e amor à terra, decidiram dinamizar a localidade.
A associação foi fundada em 1975 por um grupo de 21 jovens, numa altura em que o país respirava liberdade após o 25 de Abril, sendo o objectivo do grupo dar vida à freguesia. Foi numa conversa de rua, entre amigos, logo após o regresso dos militares a casa, que Manuel João Silva, de 74 anos, sentiu o impulso de mudar alguma coisa. “Não havia nada. Havia os chinquilhos, as tabernas e a rapaziada que andava por aqui. Eu e mais alguns amigos começámos a falar, a convidar A e B, e surgiram os 21 fundadores”, recorda a O MIRANTE. Manuel Silva viveu grande parte da juventude e adolescência na Praia do Ribatejo e lembra bem o fervor dos primeiros anos da associação, com diversas actividades e iniciativas, mas também muitas divergências. “O que eleva as comunidades é a participação e partilha em comunidade e foi isso que nos moveu na altura. As primeiras direcções tinham muitas divergências ideológicas. Houve discussões, cartas abertas, listas da esquerda e da direita a concorrer, mas todos queríamos o mesmo: dinamizar a freguesia”, destaca.
Ao longo dos 50 anos da associação foram criadas várias equipas desportivas, desde o futebol ao voleibol e até a grupos de danças de salão. Entre os 50 anos de memórias, umas das mais queridas de Manuel Silva foi a criação da primeira equipa de juniores federada da Praia do Ribatejo, que participou no campeonato distrital de 1976/77.
O CECUDE como a segunda casa
Meia década depois, a colectividade mantém vivo o espírito com que nasceu, agora nas mãos de uma nova geração, composta sobretudo por pessoas que não são naturais da freguesia, mas que a escolheram como a sua casa. Mesmo sem raízes profundas na terra, a ligação é igualmente forte e o espírito inicial da colectividade não só sobrevive como se renova. Um desses casos é o da presidente da direcção, Anabela Queiroz, de 54 anos, natural do Entroncamento. Anabela fala da associação com o entusiasmo de quem sente a terra como sua. “Queremos retribuir à freguesia aquilo que ela nos dá. Na actual direcção temos também uma brasileira, uma inglesa e é algo único, porque traz uma perspectiva diferente”, salienta.
Rafael Ascensão, de 26 anos, vice-presidente da assembleia geral e ex-presidente da direcção, foi um dos que quis rejuvenescer a associação. A direcção que comandou assumiu funções no início de 2020 e logo enfrentou o desafio da pandemia da COVID-19, mas desistir não era opção. “Juntávamo-nos como grupo de amigos e sentíamos falta de um espaço de união. No início foi complicado, pois não nos davam muito crédito por sermos jovens e depois veio o confinamento. Mas fomos conseguindo cativar mais pessoas que depois também deram continuidade e crescemos com toda a experiência”, salienta.
Tanto para Rafael como para Anabela, a associação significa união e conseguir “juntar as pessoas em prol de elevar a colectividade e a freguesia”. Com actividades e eventos todos os meses, o coração verde do CECUDE continua a bater e os dirigentes têm confiança no futuro.