Casos de crianças e jovens sinalizados pela CPCJ no Cartaxo aumentaram 20% em 2024

Em 2024 foram abertos 107 novos processos de crianças e jovens em situação de perigo no município do Cartaxo, mais 20% que no ano anterior, diz relatório da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ).
Rita Rodrigues, presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) do Cartaxo, e Inês Marcelino, técnica superior, apresentaram o relatório anual de 2024 da entidade na Assembleia Municipal do Cartaxo, que decorreu no dia 29 de Abril. Os números apontam para um aumento de quase 20% de novos casos abertos no ano de 2024, com 107 novos processos no município em relação aos 79 novos casos de 2023. Foram arquivados outros 100 processos, numa diminuição de mais de 15% em relação a 2023. Os processos que transitaram de um ano para o outro, ou seja, que não tiveram resolução, foram de 75 em 2024, número mais baixo que os 82 que tinham transitado para 2023. No ano passado foram reabertos 24 processos, sendo que em 2023 esse número foi de 31 reaberturas de processos. No que diz respeito às sinalizações de crianças ou jovens em possível situação de perigo, as forças de segurança foram quem mais deu o alerta, seguindo-se as denúncias anónimas e dos estabelecimentos de saúde. Em relação a 2023, aumentaram as sinalizações anónimas e de vizinhos e particulares. A violência doméstica e a negligência são as situações de perigo que prevalecem nos casos de crianças até aos cinco anos de idade. Entre os seis e os 10 anos a exposição a comportamentos desviantes e inadequados e a violência doméstica são as causas mais recorrentes. A partir dos 11 anos é destacado o número de adolescentes sinalizados por comportamentos inadequados, sendo que a partir dos 15 anos de idade acresce o abandono escolar como a segunda grande problemática mais recorrente nos jovens.
Ricardo Magalhães (PS) perguntou às representantes da CPCJ se existe alguma tendência para as crianças que sofrem de violência doméstica ou negligência quando mais novas apresentarem mais tarde comportamentos desviantes e inadequados, algo que os dados recolhidos não podem aferir, respondeu Rita Rodrigues, que apontou ainda que grande parte dos processos sinalizados fruto de violência doméstica ocorrem em situações de separação dos pais. José Augusto de Jesus (PSD) questionou as técnicas sobre as principais causas do abandono escolar e Inês Marcelino frisou que são em grande parte fruto da falta de empenho e interesse dos jovens, muitas vezes provocados pelo insucesso escolar prolongado ao longo do tempo.