Contentores marítimos na Fabrióleo servem para habitação mas também para actividades ilegais

Contentores marítimos que apareceram nas instalações da antiga fábrica em Carreiro da Areia não serviam apenas de habitação. Relatório dos serviços de fiscalização da Câmara de Torres Novas aponta indícios de actividade ilegal de transformação e exportação de contentores-casa.
O terreno das antigas instalações da Fabrióleo, fábrica de óleos vegetais desactivada em Carreiro da Areia, no concelho de Torres Novas, está a servir de base para a transformação ilegal de contentores marítimos em casas com a finalidade de exportação para outros países. Além desta actividade, que carece de licença, pelo menos um dos contentores aparentava estar a servir de habitação indevida, adianta a O MIRANTE o vice-presidente da Câmara de Torres Novas, Luís Silva, tendo como base o relatório dos serviços de fiscalização que se deslocaram ao local depois de denúncia de suspeitas de actividade ilícita.
“Um dos contentores aparentava estar habitado indevidamente e parece que havia ali uma actividade que também não está licenciada de transformação de contentores para exportar”, afirmou ao nosso jornal o autarca que tem o pelouro do Urbanismo, acrescentando que uma vez que a actividade não está licenciada o procedimento está a decorrer e que, provavelmente, vai ser mandada encerrar por falta de licença ou sugerida a sua legalização se for passível disso.
O assunto já foi notícia em O MIRANTE por incomodar moradores de Carreiro da Areia que começaram a notar que os terrenos contíguos ficavam enlameados. O que levava a crer que os contentores não têm ligações à rede de águas residuais, podendo constituir um caso de saúde pública. O caso voltou a ser falado na última assembleia municipal. Na sessão realizada a 28 de Abril, o Bloco de Esquerda disse que mais contentores habitacionais tinham sido instalados no local, levando a crer que a actividade continua mesmo depois de os serviços de fiscalização se terem deslocado ao local.
Respondendo ao Bloco de Esquerda, o presidente do município, Pedro Ferreira (PS), disse que após a fiscalização da parte dos serviços de Urbanismo da autarquia, acção que foi acompanhada pela Divisão da Acção Social, foram tomadas medidas e elaborada uma notificação para a cessação da actividade. “É um processo que está em curso”, afirmou.
A Fabrióleo, recorde-se, fechou portas depois de uma decisão do Tribunal Central Administrativo Sul, em Junho de 2020, e depois de, em 2018, a Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI) ter decretado o seu encerramento na sequência de denúncias e inspecções.