Por que é que o aterro da Raposa voltou a receber lixo quando devia estar selado
O aterro sanitário da Raposa, concelho de Almeirim, foi encerrado em 2015 por ter esgotado a capacidade e nesta altura devia estar selado e executado o plano paisagístico e ambiental.
Mas os municípios da empresa intermunicipal Ecolezíria, optaram por consolidar algumas zonas que não estavam ao mesmo nível e em vez de taparem os espaços com terra, o que seria bastante dispendioso, decidiram colocar mais lixos e gastar menos dinheiro na compactação e selagem.
O aterro sanitário da Raposa, concelho de Almeirim, já tinha atingido o máximo de vida útil e fechou em Abril de 2015. Os lixos dos seis municípios da Ecolezíria, na altura uma empresa intermunicipal com capitais privados e agora totalmente pública, passaram a ser encaminhados para o sistema vizinho da Resitejo (actual RSTJ - Gestão e Tratamento de Resíduos) na Carregueira, Chamusca. E assim aconteceu durante cinco anos, até que se iniciou o processo com vista à selagem do aterro da Raposa, que tinha substituído uma lixeira no mesmo local, até que houve uma reviravolta relacionada com custos e procedimentos técnicos.
Recentemente o presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho, veio dizer numa reunião do executivo que a Ecolezíria, empresa responsável pelo tratamento e valorização dos resíduos urbanos nos municípios de Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo, Coruche e Salvaterra de Magos, pretendia encerrar o aterro da Raposa até ao final deste ano. Mas não se explicou o motivo que, apurou O MIRANTE, tem a ver com a consolidação da célula do aterro para o seu fecho definitivo. Quando a questão da selagem do aterro foi comunicada à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), verificou-se que a área do aterro não estava homogénea, o que implicava a deposição de grandes quantidades de terra, o que iria custar uma fortuna que os municípios não queriam custear.
A opção foi voltar a depositar resíduos para colocar o aterro todo ao mesmo nível e gastar menos terra na selagem. Entretanto nas zonas já consolidadas o lixo já foi compactado com terra. Com esta opção, a Ecolezíria, detida exclusivamente pelos seis municípios, não só poupa na selagem, como conseguiu fazer com que o aterro recebesse mais lixos, ultrapassando o tempo de vida útil e a quantidade de resíduos que deveria receber. Agora a perspectiva é que a selagem do aterro deve ser feita até final do ano e como a Ecolezíria não tem outro sistema de tratamento terá de negociar com outros operadores para encaminhar os resíduos.
Recorde-se que quando a capacidade do aterro da Raposa estava a mais de metade colocou-se a questão de construir uma nova célula, chegou a ser feito um concurso público para a sua construção, mas os autarcas desistiram da opção depois de o concurso ter ficado deserto, por os privados não estarem apenas interessados na construção e quererem fazer parte da exploração do equipamento. Os municípios não querem privados na empresa intermunicipal.
Na altura em que se decidiu fechar o aterro, em 2015, cada município pagava cerca de 39 euros por cada tonelada de resíduos depositados na Raposa. Entretanto a Ecolezíria alargou a sua actividade para a recolha de resíduos urbanos, sendo que Almeirim e Coruche foram os primeiros a transferir os seus serviços para a empresa pública.