Sociedade | 19-05-2025 15:00

Aprender a viver com asma também é resistir ao pânico de não se conseguir respirar

Aprender a viver com asma também é resistir ao pânico de não se conseguir respirar
Fátima Ribeiro foi diagnosticada aos 33 anos. fotoDR

Fátima Ribeiro achava que era apenas alguém que se cansava com mais facilidade até ter a primeira crise aguda de asma aos 33 anos. Agora, com a doença controlada vive uma vida sem grandes limitações. Estima-se que 600 mil adultos em Portugal sofram de asma e que sete em cada 10 doentes não tenham a doença controlada, o que pode ser fatal.

Estava sentada no sofá a fazer malas de trapilho quando, aos 33 anos, Fátima Ribeiro teve a primeira crise de falta de ar. Veio o pânico natural de quem não sabe o que lhe está a acontecer e o pedido de ajuda que a levou ao hospital, onde foi medicada e de onde saiu com um diagnóstico: asma moderada. “Ao que parece, a doença sempre esteve cá, mas nunca tinha sido diagnosticada. Cansava-me mais mas nunca tinha tido, até essa idade, verdadeiramente falta de ar”, começa por contar a O MIRANTE numa conversa a propósito do Dia Mundial da Asma que se assinala a 6 de Maio.
Passar por uma crise é, descreve, “como se alguém nos tapasse a boca com a mão e o ar não conseguisse entrar nem sair. Simplesmente não circula. Ficamos em aflição”. É por isso importante, destaca, não entrar em pânico. “Nas minhas crises consigo controlar a parte psicológica e isso é fundamental”, reitera, considerando que “um dos grandes problemas dos asmáticos é perderem a calma. “Quanto mais entramos em pânico mais falta de ar temos. Aprendi isso e tive de trabalhar essa parte”, diz. Ajudou-a o facto de o avô e uma prima também sofrerem da doença e ter aprendido com ele sobre o que fazer e não fazer durante uma crise. “Acho que isso me ajudou quando chegou a minha vez”, conta a consultora imobiliária residente em Samora Correia.
Embora faça medicação diária, a asma de Fátima Ribeiro não lhe permite entrar em esforço físico. “Tentei várias vezes fazer ginásio. Levava a bomba de SOS no bolso, mas a probabilidade de acontecer uma crise era muito grande. Então parei, mas faço caminhadas”. Para Fátima Ribeiro, 53 anos, esquecer-se da bomba não é, ou melhor, não pode ser opção. “Ando sempre com uma bomba em cada carro, em cada mala e outra na mesa de cabeceira. Não corro sequer esse risco”, diz, sublinhando o quão essencial é ter a doença controlada fazendo para isso os exames médicos necessários de cinco em cinco anos e os testes às alergias - no seu caso à humidade, ao pó e pólen - que lhe pioram a doença e podem mudar.
De acordo com um estudo recente, estima-se que 600 mil adultos em Portugal sofram de asma e que sete em cada 10 doentes não tenha a doença controlada. Um fraco controlo dos sintomas da asma está associado a um aumento do risco de agudizações e a percepção da gravidade dos sintomas pode variar de doente para doente, refere a Recordati, grupo internacional farmacêutico, sublinhando que a adesão à terapêutica e a técnica inalatória correcta são factores que influenciam o sucesso do tratamento da asma. Contudo, estudos demonstram que 50% dos doentes não utilizam o seu inalador de forma correcta.
Neste sentido, defende o grupo internacional, emerge a necessidade de orientar o tratamento para o doente e não para a doença com uma abordagem cada vez mais personalizada e um acompanhamento mais próximo e regular dos profissionais de saúde.

Baixa literacia em saúde respiratória é um obstáculo
A directora médica da Jaba Recordati, Thordis Berger, sublinha que com uma “elevada prevalência, sub-diagnosticada e mal controlada, a asma ainda pode ser causa de morte. O controlo eficaz da asma é fundamental para prevenir exacerbações e melhorar a qualidade de vida dos doentes. O mais preocupante é a taxa de mau controlo da doença pela má adesão ao tratamento. A baixa literacia da população em saúde respiratória é um obstáculo significativo. Muitas pessoas tratam a doença apenas quando têm sintomas, resultando em mau controlo da asma e aumentando o risco de complicações. Ter a asma controlada significa ter uma melhor qualidade de vida com menos limitações, podendo praticar exercício físico ou desporto, por exemplo”.
A Global Initiative for Asthma (GINA), da Organização Mundial da Saúde (OMS), escolheu para o Dia Mundial da Asma de 2025 o tema “Tornar os tratamentos por inalação acessíveis a todos”, enfatizando a necessidade urgente de garantir que todos os que vivem com asma têm acesso aos medicamentos inalados essenciais para o controlo da doença.

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