Sociedade | 21-05-2025 18:00

Foros da Charneca volta a ter médico dez anos depois

Foros da Charneca volta a ter médico dez anos depois
Encerrada há 10 anos, a unidade reabriu para servir cerca de 300 utentes

A comunidade recebeu de braços abertos o médico Silva Guerra, figura com longa ligação ao concelho e que vai prestar cuidados de saúde no renovado posto médico da localidade da freguesia de Santo Estêvão.

O posto médico dos Foros da Charneca, no concelho de Benavente, reabriu sexta-feira, 9 de Maio, depois de uma década encerrado. A unidade, que dispõe de gabinete médico e de enfermagem, vai servir cerca de 300 utentes de uma zona rural e envelhecida. O espaço tinha sido encerrado há dez anos. “O espaço não é luxuoso, mas está digno e cumpre uma função fundamental, que é garantir cuidados de saúde primários e acesso a médico de família”, afirma o presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho (CDU).
A reabertura resulta de um esforço prolongado do município, em articulação com a Unidade Local de Saúde (ULS) Estuário do Tejo. O autarca reiterou a prioridade de criar condições para fixar médicos, com apoios à habitação e incentivos municipais, e ambiciona instalar uma Unidade de Saúde Familiar (USF) em Benavente.
O presidente do conselho de administração da ULS, Carlos Andrade Costa, considera que a reabertura é um sinal claro de atenção às populações mais pequenas, salientando a importância da cooperação com os municípios para melhorar o acesso à saúde. Revelou ainda que estão a decorrer obras na unidade de Samora Correia para aumentar em mais dois o número de gabinetes de consulta, assim como foram contratados cinco novos médicos. “Ao fim de um ano e quatro meses desta ULS, os médicos estão a chegar e não estão a ir embora, é isso que importa”, precisou.

A proximidade como mais-valia para a população
A reabertura contou com a presença de vários moradores e foi marcada por uma emoção que se traduziu em vivas pela recuperação de um serviço essencial. No posto médico vai trabalhar o médico Silva Guerra, de 69 anos, que está no activo com espírito de missão, acumulando funções idênticas no posto de saúde de Santo Estêvão ao abrigo do programa Bata Branca.
“Estava mais aborrecido [na reforma] que um peru em vésperas de Natal”, diz a O MIRANTE o clínico com sentido de humor e sinceridade. Silva Guerra iniciou a sua ligação ao concelho de Benavente quando tinha 25 anos de idade e, desde então, manteve-se no território. Para o médico, trata-se de continuar a sentir-se útil, numa experiência que considera gratificante pela diferença que o seu trabalho faz na vida das populações.
Entre os utentes, as palavras são de agradecimento. Almerinda Coito, diabética e prestes a completar 69 anos, reconhece a importância da proximidade. Não ter que se deslocar a Benavente é para a moradora uma mais-valia. Mesmo não sendo residente nos Foros da Charneca, Elsa Porteiro quis marcar presença na cerimónia. “É um espaço que fazia falta, e ainda por cima com um excelente médico. A população sentia-se desprotegida e com as carências de transporte esta reabertura é uma grande ajuda”, explica.
Também António Pires, de Castelo Branco, e Cremilde Nogueira, do Couço, que vivem há 20 anos na localidade, não escondem a emoção. “É um dia feliz. Andamos sempre doentes. O meu marido tem artrite reumatóide, fez transplante de medula, eu sou diabética e tenho lúpus. Às vezes acaba-se uma receita, é preciso um exame ou aparece uma urgência. E ter um médico por perto é essencial”, assegura Cremilde.
A chegada do posto médico também traz tranquilidade a quem está prestes a iniciar uma nova etapa de vida. Margarida Fiteiras, em final de gravidez, vai mudar-se em breve para Foros da Charneca. Para a gestante, o significado é grande pois pode deixar de lado o receio de não ter médico por perto para acompanhar a filha Carminho.

Médico Silva Guerra vai prestar cuidados médicos no posto médico da localidade

À margem

Reabertura a meio gás

Depois de uma década fechado, o posto médico de Foros da Charneca reabriu e a população aplaudiu. Mas nem tudo são rosas. É que, segundo se apercebeu O MIRANTE, o sistema informático, que foi o motivo de vários adiamentos quando as obras já estavam concluídas, só ficou operacional na véspera, num contra-relógio que correu bem.
Porém, no dia da abertura e na zona do posto de atendimento, estava apenas a cadeira, um computador e arquivadores vazios. Perguntámos pela administrativa e ficámos a saber que o processo para colocar este posto de trabalho em funcionamento ainda decorre, obrigando o médico – e único profissional no dia do arranque no posto médico – a fazer o trabalho burocrático.
Um pouco mais tarde, e quando a comitiva da ULS já tinha saído, ficámos a saber que, apesar da existência de um gabinete para enfermagem, estes cuidados de saúde vão ser encaminhados para Santo Estêvão, onde a equipa de enfermeiros se desloca duas vezes por semana. É caso para dizer que ainda há muitas agulhas a afinar para que este novo espaço seja realmente uma opção a ter em conta na prestação dos cuidados de saúde primários.

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