Sociedade | 23-05-2025 21:00

Floene está na linha da frente do biometano e a região tem condições para ser exemplo nacional

Floene está na linha da frente do biometano e a região tem condições para ser exemplo nacional
Director de operações, Miguel Faria, e director executivo da Floene, Gabriel Sousa (à esq. e dir), com o presidente da Câmara do Cartaxo, João Heitor (ao centro) na conferência sobre gás renovável

A Floene, constituída por nove empresas regionais de distribuição de gás, entre as quais a Tagusgás que opera na região de Santarém, está preparada para avançar para o fornecimento de biometano.

A empresa já tem uma dezena de pedidos para injecção de gás renovável e o Ribatejo e o concelho do Cartaxo em particular têm condições para serem um eixo estratégico, atendendo à quantidade de explorações pecuárias que podem fornecer matéria orgânica. A importância do biometano ficou evidente numa conferência que decorreu no Cartaxo, no âmbito do programa Comunidades de Futuro, promovido pela Floene.

O biometano é o gás do futuro, que reduz a dependência energética do país, e que resolve o problema dos dejectos de explorações pecuárias, e a Floene está na linha da frente no processo para o fornecimento deste gás renovável que pode ter no Cartaxo um eixo importante a nível nacional. As potencialidades da região ficaram evidentes na 7ª conferência no âmbito do programa “Comunidades de Futuro”, promovido pela empresa que detém a maior rede de gás do país, presente em 100 municípios. O presidente da Floene Energias S.A., Diogo da Silveira, referiu na abertura da conferência “As oportunidades dos gases renováveis: Novos negócios, competências e profissões”, na Quinta das Pratas, no Cartaxo, que o concelho do Cartaxo e a região do Ribatejo tem condições excelentes para o fornecimento deste gás.
O Cartaxo pode ser um exemplo de um sistema de energia mais flexível, atendendo ao facto de ter 190 mil cabeças de gado bovino e de ter uma elevada concentração de suiniculturas, o que representa uma elevada disponibilidade de resíduos orgânicos para a produção de biometano. A vantagem da produção deste gás é que resolve o problema do tratamento dos resíduos, que passam a ter um valor económico, e o aproveitamento dos digeridos, o subproduto da produção do gás, para usar como fertilizante natural. Para Diogo da Silveira nunca como agora foi tão importante olhar para fontes de energia nacionais, referindo-se ao apagão recente.
Segundo o director de operações da Floene há 10 pedidos de injecção de gás renovável na rede e na região há 10 entidades interessadas. Miguel Faria revela que a rede está próxima desses pedidos e acrescenta que a empresa tem mapeados os clientes industriais que são os potenciais consumidores do biometano. A Floene está a fazer junto dos promotores uma análise de viabilidade para que os projectos de produção de biometano se materializem.
O país tem um plano de acção para os gases renováveis e essa ambição pode a curto prazo reduzir 60% do gás que o país importa, segundo se previu na conferência que reuniu personalidades de várias áreas. Para o director executivo da Floene, Portugal aprovou um plano mais ambicioso que Espanha e agora é necessário seguir essa ambição com execução. Gabriel Sousa acrescenta que o gás renovável é essencial para tudo o que não deve ser electrificado, realçando que é urgente executar o plano. Vários participantes destacaram a necessidade de o Governo não complicar, promovendo procedimentos simples e licenciamentos rápidos.
Segundo Gabriel Sousa, o gás renovável significa o acesso a energia mais económica e contribuir para a competitividade da economia, reduzindo as importações e fortalecendo a soberania do país. Para o director executivo a aposta nesta fonte de energia contribui também para a coesão territorial. Nesse sentido, o presidente da Câmara do Cartaxo, João Heitor, sublinhou na abertura do evento que as políticas municipais devem atrair investimentos, destacando o papel importante da agricultura na economia local, salientando que existem 206 empresas agrícolas no concelho, que podem beneficiar com o fornecimento de matéria orgânica, com o acesso ao biometano ou com o aproveitamento do adubo natural resultante do processo de produção de gás.
Na conferência intervieram José Lacerda Fonseca, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo; Jorge Pisca, da Nersant; João Silva Rodrigues, da Global Biosciences Center SGS Ibéria; Teresa Ponce Leão, presidente do Laboratório Nacional de Energia e Geologia e Jorge Barata Marques, da ADENE – Agência para a Energia. Participaram ainda Cláudia Costa, do departamento técnico da Confederação dos Agricultores de Portugal; Jaime Braga, assessor da direcção da Confederação Empresarial de Portugal; Sandra Silva, da Veolia Portugal e Hugo Pereira, da Mota Engil Energia.

Projecto educativo “Dá-lhe Gás” para sensibilizar os jovens

O programa “Dá-lhe Gás” da Floene vai às escolas promover a descarbonização do sector energético através dos gases renováveis (biometano e hidrogénio verde). Dirigido a alunos do 3º Ciclo, o projecto educativo vai agora também abranger as escolas do Cartaxo, seguindo também um protocolo de colaboração assinado entre a empresa e a autarquia. Este projecto pode vira a ser alargado a outros anos do ensino, ou ao ensino técnico e profissional, segundo perspectiva Joana Seixas, responsável do departamento de comunicação, marca e cultura corporativa da Floene.
Neste ano lectivo de 2024/2025, o projecto desenvolveu-se, com o apoio de voluntários Floene, nos distritos de Aveiro, Leiria e Viseu, sendo que para o próximo ano vai alargar-se a Vila Real, Santarém (Cartaxo), Évora e Faro. Segundo a Floene, “os alunos são desafiados a apresentar soluções que, a partir da exploração dos gases renováveis, contribuam para impactar localmente as suas comunidades, pela redução de emissões de uma determinada actividade, por exemplo”. As soluções apresentadas devem ter influência na comunidade em áreas como agrícola, agropecuário ou industrial.

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