Guerra entre autarquia da Golegã e moradores de habitação social está para durar e envolve polémica com advogado

Diferendo entre Câmara da Golegã e moradores de habitações sociais está para durar. Vereadora com pelouro da habitação diz que moradores estão a ser mal aconselhados pelo seu advogado, João Cardador, que diz que as obras de reabilitação não vão avançar enquanto não houver cedências da autarquia.
As intervenções nas oito habitações sociais na vila da Golegã, que prevêem o desaparecimento dos logradouros com o objectivo de duplicar o número de fogos, continuam a dar que falar. A vereadora Manuela Serrão de Faria não tem dúvidas de que os moradores das habitações, que já colocaram uma providência cautelar para impedir as obras, estão a ser mal aconselhadas pelo seu advogado, João Cardador. “Estas intervenções obedecem aos prazos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que têm o limite de Março de 2026. É muito preocupante. Os moradores estão a ser mal aconselhados pelo seu advogado. Só queremos melhorar as condições em que as pessoas vivem e criar mais habitação no concelho”, afirma a autarca a O MIRANTE.
Manuela Serrão de Faria respondia às questões de O MIRANTE desencadeadas pelas declarações de João Cardador ao nosso jornal, afirmando que a Câmara Municipal da Golegã quis colocar temporariamente em contentores de 16 metros quadrados as famílias. São contentores que não têm o mínimo de condições de habitabilidade. “As pessoas estão a ser tratadas como animais. A Câmara Municipal da Golegã tratou aqueles moradores como animais e, portanto, enquanto as coisas não forem tratadas com correcção, com dignidade, os moradores continuarão a defender-se”, disse.
Manuela Serrão de Faria contesta as acusações do advogado da Chamusca, referindo que a solução temporária encontrada pelo município são realmente contentores, mas que têm todas as condições de habitabilidade e dignidade, e onde já vivem outras famílias cujas casas estão a ser requalificadas. “Nós inclusive dissemos aos moradores que, se encontrassem outra casa, pagaríamos as rendas. O problema é que há falta de habitação no mercado, daí estarmos a realizar este projecto”, salienta, sublinhando que a ideia de remover os logradouros, que “normalmente servem de depósito de lixo”, permite a construção de mais sete habitações no concelho.
João Cardador garante que, para haver obras, o município tem que ceder para com os moradores. No entanto, a vereadora refere a O MIRANTE que estão a executar o regulamento municipal para avançar com as obras. “Os moradores vão ter de sair. Não estamos a despejar ninguém porque temos uma solução temporária. Só queremos melhorar a vida destes munícipes e criar habitação no concelho”, acrescenta Manuela Serrão de Faria.
Recorde-se que António Camilo, presidente da autarquia, já tinha dito a O MIRANTE que não entendia a posição dos moradores, até porque estes reclamavam das condições das casas. O autarca já tinha reconhecido que há problemas nas coberturas, pavimento, paredes, infiltrações, entre outras, e que estas obras acabavam com essas situações. As intervenções não põem em causa o valor reduzido das rendas. A autarquia pelas oito habitações recebe um total de 300 euros.