Jorge Zacarias continua na Euterpe Alhandrense depois de confrontos com a autarquia

Não apareceram listas candidatas aos órgãos sociais e o presidente da Sociedade Euterpe Alhandrense não quis que a associação caísse num vazio directivo. Diz, no entanto, que muitos dos problemas de que falou numa entrevista no final do ano passado a O MIRANTE já foram resolvidos com a Câmara de Vila Franca de Xira.
Depois de muita polémica no final do ano passado, Jorge Zacarias, histórico dirigente da Sociedade Euterpe Alhandrense (SEA), de Alhandra, vai continuar como presidente da instituição até 2027. Nas últimas eleições não apareceram listas concorrentes e o dirigente acabou por se manter em funções para impedir um vazio directivo. Isto depois de ter admitido, em Dezembro do ano passado, em entrevista a O MIRANTE, que a sua presença na Euterpe estava a prejudicar a associação depois das relações entre ele e o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira terem azedado.
“Fiquei porque não apareceu mais ninguém. Se aparecesse um projecto alternativo que fosse viável e bom para a Euterpe eu seria o primeiro a apoiar e a colaborar. Mas não houve mais nenhuma lista e neste espaço de tempo foi possível conversar com a câmara e ultrapassar algumas questões que estavam a enquinar a relação entre a câmara e a Euterpe. Vou para o que será seguramente o meu último mandato”, promete.
O dirigente, bem como os restantes corpos sociais, tomaram posse na última semana. A quem o acusa de ter liderado um golpe de teatro, Jorge Zacarias nega dizendo que as coisas não ficaram na mesma após a polémica entrevista. “Houve passos dados de ambas as partes em relação a um conjunto de questões concretas mas acima de tudo houve grande abertura de diálogo por parte da câmara tendente à resolução dos problemas. Valeu a pena batalhar pela Euterpe, não só da minha parte como de toda a direcção”, refere o dirigente.
“Houve abertura da câmara”
Entre os pontos onde se encontrou entendimento está a clarificação do contrato-programa a assinar entre a Euterpe e o município, que agora passa a ser igual ao de outras entidades do concelho. A câmara também aceitou ceder um espaço adicional em Alhandra para a associação poder dar aulas de dança, nos antigos lavadouros em frente ao rio. Um espaço que se encontra muito degradado mas onde o município se comprometeu em procurar financiamento para realizar as obras. “Como houve abertura da câmara ficou também aberta a possibilidade de conversarmos no futuro sobre outros projectos para a Euterpe”, acrescenta.
Jorge Zacarias, recorde-se, foi presidente da Euterpe de 1990 a 2009 e, depois, de 2011 até hoje. Na entrevista dada a O MIRANTE lamentava o estado da relação entre ele e o município, considerando até que havia uma perseguição do município ao presidente da associação. Apesar disso, já na altura dizia que a sua saída do cargo não era irrevogável. “Tenho tido muitas manifestações de solidariedade dentro da associação e muita disponibilidade dentro da casa para mostrar à câmara que existimos e temos um trabalho importante na comunidade”, dizia.
Os novos órgãos sociais
Além de Jorge Zacarias, tomaram posse na direcção para este mandato Rita Santos (presidente-adjunto) e como vice-presidentes António Tavares, Carla Barradas, Fernanda Rocha, Gil Gonçalves, Martinho Saianda, António Barbosa, Filipa Tomás e Gerson Neto. A direcção integra também Ezequiel Alabaça como tesoureiro e Joaquim Morais como suplente. O conselho fiscal é composto por Anabela Bastos (presidente), José Alves (relator) e Maria Peleteiro (secretária). Por fim, a mesa da assembleia-geral é composta por João Venâncio (presidente), Sara Machado (vice-presidente) e José Rodrigues (secretário).
À margem/opinião
Mudar para ficar na mesma
Numa entrevista a O MIRANTE no final do ano passado, Jorge Zacarias disse raios e coriscos do presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, de quem foi em tempos adjunto, até a relação ter arrefecido. Parece estranho como depois de tanto ruído ninguém se mobilizou para apresentar uma lista com gente nova, refrescada, pronta a ajudar a colectividade - que é a mais antiga do concelho - a encontrar um novo rumo. Afinal ficou tudo na mesma e, com mais ou menos ruído, a Euterpe lá se sentou à mesa com o município e negociou um conjunto de apoios que há muito reivindicava. Jorge Zacarias pode gabar-se de ter ido há guerra e ter conseguido os apoios que precisava.