Sociedade | 01-06-2025 12:00

Sem ginásio e com disciplina, Carlos Abreu venceu a balança e ganhou saúde

Sem ginásio e com disciplina, Carlos Abreu venceu a balança e ganhou saúde
Carlos Abreu mudou hábitos alimentares com a ajuda da técnica de nutrição Sandra Silva

Carlos Abreu, 42 anos, motorista de pesados e ex-bombeiro, decidiu travar a fundo quando a balança marcava 110 quilos. Com acompanhamento nutricional em Marinhais, venceu a resistência, perdeu peso e ganhou agilidade. Tudo sem pôr um pé no ginásio.

Nascido e criado em Lisboa, e agora residente em Marinhais, Carlos Abreu decidiu mudar de vida por um motivo simples: viver melhor. A cidade grande, caótica e cada vez mais cara, como descreve, ficou para trás em 2020. Com a esposa e a filha - estudante universitária em Lisboa -, assentou arraiais na vila do concelho de Salvaterra de Magos. “Temos tudo o que precisamos aqui. Gosto de paz e sossego”, diz.
Motorista de pesados, com horários duros e jornadas que começam muitas vezes às três ou quatro da madrugada, sofre de espondilite anquilosante - uma doença inflamatória que afecta a coluna vertebral, em especial a cervical. É seguido por dois médicos no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e, numa dessas consultas, ouviu algo que o fez parar para pensar: “a médica disse-me que tinha os parâmetros todos altíssimos: colesterol, açúcar no sangue, entre outros”.
A experiência como bombeiro voluntário despertou-lhe o sentido de alerta. “Era Natal e fui fazer análises extra. Os valores estavam elevados, mas não tanto como me tinham dito. Ainda assim, percebi que tinha de agir”, conta. Pesava quase 110 quilos. Sentia-se perro, sem mobilidade, cansado. “Até a roupa já não servia. Comecei a sentir-me mal no corpo. E nesse mesmo dia, ao passar em frente à clínica médica NutriSaúde, entrei, sem ninguém saber. Nem a minha mulher sabia”, confessa. Foi assim que conheceu a nutricionista Sandra Silva, com quem iniciou um processo de reeducação alimentar. “Foi um compromisso entre mim e ela. Ambos a remar para o mesmo lado. Porque se for só um a remar, o barco não vai”, assegura.

Comer bem, mas com regras
Já tinha tentado antes. “Quando morava em Alverca, andava no ginásio, tinha nutricionista… mas era só obrigações. Aqui, não. A doutora apresentou-me um plano e podia escolher, dentro de certos alimentos, os que preferia. Não era imposto. E isso fez toda a diferença”, diz. A mulher de Carlos é cozinheira, o que ajuda e, ao mesmo tempo, dificulta. “Faz boa comida, mas temos aquela mentalidade antiga de não deixar nada no prato. Se levava o almoço para o trabalho e sobrasse metade, não conseguia deitar fora e comia tudo”. Mas aprendeu a equilibrar. “Hoje como mais vezes, mas menos quantidade. Antes era ao contrário: comia muito, poucas vezes”, afirma.
Com disciplina e motivação, os resultados começaram a aparecer. Começou a vestir roupa que já não usava. As pessoas notavam. Perguntavam se estava doente ou a tomar injecções. Ouviu de tudo. Perdeu cerca de 20 quilos. Passou dos 110 para os 90, chegou a pesar menos. Sem fazer exercício físico. A rotina não o permite. Trabalha muitas horas, acorda de madrugada e deita-se tarde. “Mesmo sem ginásio, passei a comer melhor e mudei o meu corpo”, revela. Sente-se mais ágil. Coisas simples, como subir escadas, passear o cão ou atar os sapatos, já lhe custavam. Agora são rotinas que faz com facilidade. “Até tive de comprar suspensórios porque as calças começaram a cair”, refere sorrindo.
Nem sempre teve apoio e teve de lidar com comentários desmotivadores. “Chega uma altura em que temos de ser nós a querer. A cabeça tem de mandar”, vinca. O domingo é o seu dia sagrado, onde se permite algum deslize. Mas até esses momentos se tornaram reveladores. “Quando comia mais ao domingo, o corpo já se queixava. Já não aguentava como antes. Dava logo sinal de que estava a mais”, admite. Também mudou outros hábitos. Hoje bebe muita água e se bebe um sumo não lhe sabe ao mesmo, porque o paladar muda. “É o corpo a dizer que não precisa daquilo”, refere.
O processo de emagrecimento durou cerca de um ano. Agora, por motivos profissionais e financeiros, teve de fazer uma pausa, mas garante que vai retomar. “Foi um compromisso que fiz comigo e com a doutora. E compromissos são para cumprir”, garante. Apesar das dificuldades, sente-se vitorioso. “Foi uma mudança. Custou, claro. Mas valeu a pena. Ganhei saúde. E isso não tem preço”.

Perder peso com saúde
A perda de peso continua a ser vista sobretudo como uma questão estética, mas para Sandra Silva, fundadora, gerente e directora-geral da NutriSaúde, o verdadeiro foco deve estar na saúde. A técnica de nutrição destaca o exemplo de Carlos Abreu, um dos seus utentes, que considera inspirador pela disciplina e motivação com que cumpriu todas as orientações. “Foi um utente disciplinado e motivado, sempre a cumprir as indicações, e fomo-nos sempre entendendo com o esclarecimento de dúvidas ou mudanças que iam surgindo”, relata.
Para a responsável da NutriSaúde, a motivação pessoal é fundamental, mas há obstáculos comuns que se repetem entre quem procura ajuda para perder peso, nomeadamente erros na alimentação, falta de disciplina e pouca vontade de pôr em prática. O excesso de peso não escolhe idades e, segundo a técnica, os casos que chegam à clínica são transversais. “Chegam-me pessoas de todas as idades com excesso de peso”, refere.
Sandra Silva alerta ainda para dois factores cruciais no processo: a quantidade e a qualidade dos alimentos. Explica que normalmente as quantidades ingeridas são muito elevadas em relação ao que devem ser e, por outro lado, há que ter em conta a qualidade dos alimentos e a sua confecção. Apesar da crescente consciencialização, a profissional considera que a componente de saúde ainda é “muito desvalorizada” quando se fala em perda de peso. Para a técnica de nutrição, é fundamental inverter esta percepção e colocar o bem-estar físico no centro da mudança.

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